quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Pelo direito de recomeçar.



É tempo de jogar as tralhas fora e começar o ano com o pé direito.


Pra falar verdade... Não sou muito boa em falar de virada de ano, mas resolvi tentar. Eu até gosto desse clima de fim de ano, gosto muito.
Especialmente agora, que preciso desesperadamente de um novo começo. É uma época excelente para isso, devo dizer.

Nunca fui de me fazer promessas de ano novo não. Mas esse ano é diferente, eu preciso.
Eu preciso de mais cor na minha vida. Eu preciso de mais sons, de curtir, de inovar. Renovar e inovar.
A vontade da mudança e de um recomeço está aqui, formada, enorme, latejando na minha cabeça como um coração batendo. Deixá-la-ei ganhar vida e explodir me transformando.
Vou me policiar ao máximo para cumprir essas minhas promessas. São coisas que me farão bem.

Bom, o quarto ta arrumado e tudo que era inútil já está no lixo. As roupas de cama foram trocadas e as lembranças que precisam ser esquecidas foram engavetadas.

   Quero viver de novo. Quero respirar. Quero me sentir bem. Quero arriscar mais. Quero um recomeço.

   As vezes precisamos disso. Uma chacoalhada.
   Muitas vezes falamos isso da boca pra fora. Eu já falei isso da boca pra fora. Não funciona a sensação é tão efêmera e quando se vai o peso do que não foi resolvido acaba caindo em cima de nós, esmagando-nos contra um chão frio e úmido.
   As coisas têm que ser resolvidas para um recomeço verdadeiro, real. E agente resolve tudo é dentro da gente. Estou me resolvendo, desfazendo os nós, tomando decisões. É tempo de pensar. De se repensar.
A estrada é longa, se joga.

   Não, não posso prometer ficar bem, mas posso prometer tentar. E eu vou.
   Dar uma chance a si de tentar ser feliz.
   Pelo direito recomeçar.

Que 2010 seja 39671327219999993577777887654299278361313 x 10²³ vezes muito melhor que 2010!
FELIZ 2010 PRA TODOS!

;*

Avulsidades de fim de ano.


   Sim. Somos auto-suficientes.


   É difícil perceber isso. É um looongo e árduo caminho até essa certeza. Ainda mais quando passamos muito tempo com uma pessoa e essa pessoa vai entrando na sua vida e você vai abrindo portas sem sair... Cultivam um sentimento um pelo outro e outro pelo um... E a cada dia que passa a idéia de ficar longe dessa pessoa vai se tornando mais distante, esmaecida e mais dolorosa. O tempo juntos é o que há de melhor. Te faz feliz, Te faz...completa.

   Sem mais delongas... Aí vem ele. É, ele mesmo, o temido, o impossível "fim".
   E então chega o fim.
  Acaba-se tudo. E a ausência da pessoa te fere, te tortura, te mata aos poucos. Não há mais cor, nem sabor. Não há alegrias, risos ou abraços. Não há nada, exceto a dor excruciante da falta. E que substantivo cruel é ela.

   A ausência. A falta. É um pouco como fome... Lenta e dolorosa vai te consumindo por dentro, comendo os sonhos bons, as noites bem dormidas, o riso... O sono e o sonho.
As coisas perdem o sentido. E você não vê mais o porquê das coisas que você sempre costumou fazer.

   Mas sabe... O tempo passa.
   E olhe que não sou do tipo que acha que o tempo cura tudo. Ainda não.
   Mas uma coisa é verdade... O tempo não cura tudo, mas tira o incurável do centro das atenções. E isso já é um começo e tanto.
   Pois bem. O tempo passa. E a medida que isso acontece você vai ficando mais forte. Recolhendo as coisas que deixou pelo chão.

   Um belo dia você acorda com uma coisa diferente no peito. É uma vontade estranha. Resolve segui-la, pois qualquer coisa deferente do que está sentindo é bom. Então, levanta da cama e olha o quarto. Está tudo uma bagunça. As roupas estão por todo ele, assim como as lembranças. Essas são as piores. Maldosinhas se escondem em tudo quanto é lugar quando você tenta limpá-las... Mas isso é outro assunto.
   O quarto está quente, abafado, sufocante. É preciso abrir as janelas e é isso o que faz. Tem que fazer.
   Abre a janela, respira fundo e começa. Começa.
   É um caminho longo, sério. Eu mesma estou muito longe do fim dele, mas continuo caminhando. Às vezes paro, olho pra trás e sinto uma vontade enorme de voltar. Regredir. Mas algo dentro de mim me impede. O medo talvez, afinal ninguém gosta de sofrer. Mas é que às vezes dá um desanimo.
   Começa, arruma a cama, recolhe as roupas e tenta espanar um pouco as lembranças. Escuta uma música animada e antiga. Dançante até. Uma música que não escuta há muiito tempo. Abre os armários e tira as coisas inacabadas. Papéis, medos, sujeira. Tudo antigo e antiquado. Joga tudo fora. Lugar de tralha é no lixo.

   Recolhe as lembranças, fotos, presentes, sem prestar muita atenção nelas, meio automaticamente. Junta tudo, coloca numa caixa e guarda em um lugar esquecido. Não, não está pronta pra jogar tudo fora. Não agora, é cedo ainda. Mexe numas coisas velhas, de quando você ainda nem sonhava em se dividir com alguém do jeito que acabou acontecendo... Vê fotos, relê cartas, e-mails, lembranças, presentes e até aquelas coisas que qualquer outra pessoa acha que é lixo, mas pra você lembra um dia, uma festa, um amigo ou vários deles. Faz tudo isso e ri. Fica vendo e rindo, nostálgico. Se enche disso.

   E aí está. Um motivo pra continuar. Cata os cacos e começa a seguir em frente. É difícil, eu sei (e como sei), mas vale a pena tentar. Você tem que tentar. E o mais importante, você olha em volta e vê todos seus amigos, sua família. Porque sem eles, caraa, não dá pra viver. É impossível ser feliz sem amigos de verdade. E nessas horas você sabe em quem pode se apoiar até conseguir caminhar sozinha. E dessas horas que você tira aqueles que vão ser pra vida toda. Você vê quem ta do seu lado.. Eles não pedem nada em troca não. Não pedem, mas você percebe que pode dar você em troca...

   O que? Se dar? Até pouco tempo atrás você não tinha nada nem pra você e agora pode dar algo? Mentira, você sempre teve tudo o que você é. Porque você é, sempre foi e sempre vai ser você.

   Dividir-se com alguém é bom, mas quando acaba você pensa que não tem mais nada, que perdeu tudo. Mas não perdeu tudo. Perdeu sim tudo aquilo que construiu junto, que adquiriu junto, e até mesmo perdeu um parte de você, que você deixou com a outra pessoa. Pois afinal, depois de um tempo vocês passam a ser um só, se há amor de verdade. Mas o que você era antes de tudo, você continua sendo e se houve amor, você adquire coisas que nunca vai perder. Nunca. Você cresce, amadurece. E vida nunca se perde.

   E quanto à auto-suficiência. Bom, sinceramente, nem eu cheguei a essa certeza ainda. Mas sei que vou chegar lá.

   Lembrando de uma coisa muito importante: Hapiness is only real when shared.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Avulso

18/12/2009

Um beijo.
Algumas palavras de verdade.
Abraços...tão vastos.
E afagos.
Suas mãos brincando com o meu cabelo, acariciando meu rosto, meus lábios.
Eu sei... A vontade foi grande demais... Não deu pra segurar e a barragem acabou ruindo.
O amor transbordou e mim e em você, mais uma vez.

Nossa ruína.

Minha solidão descoberta. A ferida aberta.
E as estrelas...Elas eram tantas e estavam tão brilhantes hoje. Eu as via em seus olhos.
Eu pensava em nossa canção enquanto você me embalava e cheirava meu cabelo.
Não conseguimos ser felizes juntos e agora que estamos separados isso parece ainda mais distante.

I just hope that you weren't pretending. Isto realmente acabaria comigo.
Mas você sabe disso.
E... Bom, se você ainda não aprendeu a mentir com seus olhos... Eu posso acreditar que tudo que me disse é verdade.
Mas não me faça suportar, eu só quero a verdade.

Desta vez a verdade não era cruel. Era doce.
E eu acredito no seu calor.

Nossa ruína.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

I miss you so...


You Are My Sunshine
Johnny Cash

The other night, dear, as i lay sleeping
I dreamed i held you in my arms
When i awoke, dear, i was mistaken
So i hung my head and cried

You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know, dear, how much i love you
Please don't take my sunshine away

I'll always love you and make you happy
If you will only say the same
But if you leave me to love another
You'll regret it all someday

You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know, dear, how much i love you
Please don't take my sunshine away

You told me once, dear, you really loved me
And no one else could come between.
But now you've left me and love another,
You have shattered all my dreams.

You are my sunshine, my only sunshine
You make me happy when skies are grey
You'll never know, dear, how much i love you
Please don't take my sunshine away

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Estilhaço

Um tiro no peito. Um murro na boca do estômago. As lágrima escorrendo quentes sobre meu rosto. Elas ardem.
E todos os cacos que foram tão cuidadosamente e desesperadamente recolocados no lugar, todos os retalhos grosseiramente remendados, tudo espalhado, esparramado, rasgado. Um estilhaço. Desabafo.
Dor... É o que me consome. Me queima por dentro.
Todos os pequenos cacos caindo de mim, em mim....Me cortando em tantos lugares quanto possíveis, retalhando-me, deixando-me em nada mais que despedaços.
Palavras. Tão escassas e pequenas diante do tormento.
Tão importante, Tão importante. Você sabe que costumava ser a minha vida? Você sabe que vivi por e para você? E morri também.

O seu coração batendo quente e forte dentro do peito, sob meu ouvido. Eu costumava tirar minhas forçar dali para continuar. E agora não ouço mais. É um silencio absurdo dentro de mim. Não há mais a sua respiração, o seu suspiro e seus sussurros. É um silencio absurdo que grita dentro de mim. A sua ausência queima. E agora você está se dividindo em um outro alguém. E toda essa dor me invade e me derruba.
Sempre te falei que você era minha força. Sem você não há caminho, não há razão, não há nada. Só um vazio imenso elevado a um vácuo brutal.
O seu cheiro ficou em mim e o meu corpo tem a marca exata do seu. Ainda sinto seu toque, tão quente sobre minha pele. O contraste ideal. Meu paradoxo inigualável.
O seu abraço ainda está em mim e meu corpo ainda tem o formato do seu. Você sabe como nós ainda encaixamos perfeitamente. As únicas peças de um quebra-cabeça perdido.
Meu querido, sabes que sem você aqui, sem teus abraços e sem teus braços, eu fico perdida... Eu não sei pra onde ir e nem porque deveria levantar e caminhar.
Por que você me deixou sozinha no silencio?
Por que você me deixou sozinha no mundo, sem ter ninguém, no frio e desprotegida...?

Porque "no dia em que ocê foi embora eu fiquei sentindo saudades do que não foi, pensando até no que não vivi, pensando em nós dois. Eu fiquei sozinha vendo o sol morrer. No dia em que ocê foi embora eu fiquei sozinha no mundo sem ter ninguém, a última mulher no dia em que o sol morreu."

Agora que se divide em alguém, está ainda mais distante. Inalcançável. E eu que ainda não aprendi a viver sem você, fico aqui, me dobrando em dores, morrendo. Apavorada, com frio e completamente desprotegida. Queria mesmo é me perder outra vez em seus braços, fechar os olhos e me esquecer....


"Pois vá embora, por favor, que não demora pra essa dor sangrar..."


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

A warm embrace

Preciso de abraços
Perder-me em braços
Tão quentes e ternos.
Preciso de abraços
Em seus aconchegantes braços
Preciso sentir seu perfume
Suspirar no seu pescoço
Enquanto você seguramente me embala
Preciso do seu suspiro, que é satisfação ao te ter nos braços meus e me ver nos braços teus.
Preciso de qualquer pedaço seu ao qual eu possa me agarrar
Me segurar, fingir te abraçar como se não fosse te deixar ir.
Preciso de qualquer riso seu, meu encanto,
Na qual ausência me desfaço em pranto.
Preciso da tua voz,
De tua palavra veloz, aveludada no meu ouvido.
Preciso saber de ti.
Preciso me perder em ti, e não me achar nem mais uma vez...

Encanto, pranto, riso rouco, vozes veladas, abraços em braços quentes, quase caindo em dores, pavores... Tremendo de amores por sonhos saudosos, suaves, distantes...

Jessica

domingo, 6 de dezembro de 2009

Concentrado


Meu amor não era espalhado. Derramei-o todo em você. Você bebeu-o. Impregnado por esse amor absurdo, embriagante, você se viciou e disse ter amado também.
O seu dizer acabou. E eu, faço o que? O que faço eu com toda a enxurrada de amor que derramei em ti, por ti?
Não meu amor não era espalhado, nunca foi. Era todo seu, o frasco inteiro, o oceano inteiro. E agora? O frasco vazio e todo o meu conteúdo em ti.
Não, não é reversível. Você bebeu dele. Ele evaporou e nós inalamos. Tudo. Inalamos, enlouquecemos, embriagamos-nos, vivemos, amamos. O resto ainda está impregnado em você. Não há devolução. Por mais que eu queira, não há volta, não há reparação.
Não há como me recolher agora, não há como recolher todo o amor que te dei, que derramei, que vivi, que vivemos. 
O frasco ficou vazio. A forma sem conteúdo. O conteúdo todo por aí, com você, em você...Escorrendo por entre suas mãos, em suas estranhas, suas mudanças estranhas.
Mas você não o quer mais. Tens-o todo e não o quer. E eu quero-o todo e não o tenho. Não consigo absorver pra dentro de mim. Trazer de volta, encher o frasco. Não há como.

Tão distante


A manha se aproximava e ela nem viu o tempo passar. Sentada na janela, olhava a chuva incessante. A luz batia contra as gostas que vinham sem pressa, sem força, com determinação infantil. O som dos violoncelos enchiam a casa e seus ouvidos, mas não atingiam a mente que,tão longe, vagava nos pensamentos... Observava a chuva assim, tão absorta quanto possível...
Estava frio e o vento brincava com seu cabelo. Abraçou-se ao sentir um arrepio e aconchegou-se, sempre absorta em pensamentos... As noites se tornavam tão longas com os fantasmas dele a assombrando...Tão longas... Ela ficava inquieta, sem sono, com um nó na garganta e um vazio do peito comprimindo-a.
Tão distante.


Jessica.


Listening: Blue Foudantion - Sweep

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

So full of it.


As vezes fico pensando... O silêncio é frágil demais, íntimo de mais. Dissolve-se tão fácil... tão solúvel, efêmero e sutil. Mas é que a sutileza do silencio é grande demais, chega a ser escandalizada. As pessoas temem o silencio, temem se mostrar. E ficam aí se escondendo atrás de palavras cheias. Cheias de nada, isso sim.

Falam achando que estão se mostrando, às vezes se mostram até de mais. Falam tanto que não conseguem nem ouvir o que em dentro de si mesmo...
Mas o que é essencial só é compartilhado no silencio. O silencio diz mais sobre nos do que nó pensamos. É no silencio que se capta a essência de cada pessoa.

Calem a boca, se mostrem um pouco...

Jessica Machado.

Empty


É que é tanta coisa não dita no silêncio. Existe tanta coisa no vazio. Exatamente as palavras que não devem ser faladas, as coisas que não devem ser reveladas. Permanecem intactas, intocadas e intocáveis. "Vozes veladas, veludosas vozes." Mas você sabe que existe. Você sente.
E sentir tudo isso pesa, aperta, comprime, corrói.

É um vazio tão imenso! Imenso! Imenso justamente porque você sabe o porquê do vazio. Você sabe que está vazio por que antes estava cheio. Antes existia algo, existia alguém. E é essa ausência que esmaga.
Estava lá, estava aqui, dentro de mim...e agora não está mais. Um espaço aberto, um rasgo, um buraco. Vazio brutal. Vácuo gritante.

A cabeça fica densa, a alma esfria, você sente os pulmões paralisando e luta contra isso. A falta de ar. A falta. O vazio.
Luta e falha. Porque nada pode acabar com o vazio. Não, não há retalhos a serem feitos, não há substituições e você sabe disso. Esse fato também faz parte do vazio. É tudo aquilo que você teve e agora não tem mais. É tudo aquilo que você desejou e amou com a cerne do seu ser, mas não tem. Você perdeu e ficou com nada. Só com a falta. O vazio...




Jessica.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

It's rainy outside.


  Estava chovendo lá fora. As gotas ainda caiam pequenas no vidro da janela... Estavam chamando-a pra brincar. Mas é que fazia tanto tempo que não se sentia viva que não teve outra escolha: Correu para chuva ainda calma e singela. Correu até a porta e respirou o cheiro absolutamente único que as chuvas têm. Inspirou e lentamente, como num ritual, andou para o céu aberto. As gotas caiam suave em sua pele, acariciando-a. Cada terminal nervoso seu sentia aquela sensação, como vários choques de baixa tensão. Sorriu para si mesma, fechou os olhos e andou pra frente em direção ao âmago da chuva, sentindo que sua coragem incitaria a força e invocaria a tempestade. Foi quase um desafio aos céus.
  Pois ela veio, a tempestade. As gotas ficaram mais grossas e não eram mais sutis carícias, eram pedaços, cacos... Todos os sonhos que tivera uma vez e que não se realizaram caiam despedaçados... pesados e densos sobre ela. O ritmo da chuva se intensificou e ela já não podia acompanhar com o seu coração.
  Sentiu o peso de tudo aquilo... da chuva, dos sonhos despedaçados, das aventuras não e mal vividas e dos abraços não dados. Sentiu o peso das promessas não compridas, das palavras não e mal ditas, das esperanças cansadas e das cores perdidas. Sentiu tudo isso e mais. Muito mais.
  Seus olhos ainda fechados ardiam e as lágrimas escorreram sob as pálpebras cerradas. Chorou. Chorou muito. Chorou por tudo e por nada. Chorou com o peito e com a alma. em plenos pulmões e magoas. Chorou... e à medida que chorava o grito preso e abafado na garganta se dissolvia nas gotas da chuva e das lágrimas.
  Ficou ali chorando, sentindo-se segura e em casa. Ali as lágrimas se fundiam com a chuva, não precisava fingir. Não sentiu nem o gosto de soro na boca.
  A tempestade durou um infinito inteiro e foi o tempo suficiente pra chorar tudo o que tinha e o que não tinha. A medida exata. Perdeu noção do tempo, lutando apenas contra o frio que penetrava através da camiseta e chegava até a pele arrepiada. Não houve razão, apenas um rasgo enorme. Um alivio enorme. Uma descarga elétrica que se acumulara há pelo menos 7 anos desceu rasgando os céus e a dor a meio. O estrondo foi tão forte que a terra tremeu sob seus pés descalços.

Está chovendo lá fora e dentro de mim há uma vontade imensa de mergulhar no abismo imenso que é pensar e sentir.



Jessica Machado.

sábado, 28 de novembro de 2009

Queimada


A boca se enche de desejo, saliva. Não a sua, a minha. O peito arde e se abre. Quero tudo na hora, quero tudo agora, quente e frio, tudo misturado dentro de mim, fora de mim.
Tire suas mãos do controle, pois a vontade é a lei agora. É a vontade que comanda, controla, flui pelos corpos quentes.
Não me arrendo do que faço. O meu medo é de me arrepender do que não faço. Já disse sou inteira e egoísta.
De-me uma faísca e eu te incendeio. Por inteiro. E as línguas de fogo irão te engolir,dilacerar. A chama irá te consumir como um sol ardente, cheio de explosões e ondas de desejo.
De-me uma faísca antes que eu seja consumida pelo desejo.

Jessica Machado.

Listenig: Apocalyptica - Path

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Entrega


É bom mudar. Desabrochar, abrir-se numa grande rosa escarlate. Soltar as feras. Fechar os olhos e se atirar num abismo. A sensação de voar é incrível. O que vem depois não importa.
O que importa pra ela agora é fechar os olhos, entrar no ritmo do sussurro dos desejos e dançar. Dançar no ritmo do fogo inconstante. Dançar com o corpo macio, dançar com a alma nua e a boca crua. Dançar envolvida pela luz da Lua.
Luzes e trovões sob seus pés, sob seu ritmo.
O movimento e o vento brincando com os cachos vermelhos. As curvas em uma infinita e branca highway caleidoscópica.
Tantas cores, tanta saudade, tanto amor, tanto desejo. Havia nela a beleza singular de quem é feita pro amor, a beleza de quem não quer ser bela pra os outros. A beleza de quem só deseja ser feliz e completa. Os olhos abertos são buracos negros no céu.
Boca, unhas e cabelos vermelhos...tão sutil e tão avassaladora.

Jessica Machado

Listenig: Jason Mraz - Bella Luna (Live)

Hoje eu to sozinha


Hoje Eu Tô Sozinha
Ana Carolina


Hoje eu tô sozinha
E não aceito conselho
Vou pintar minhas unhas
E meu cabelo de vermelho...


Hoje eu tô sozinha
Não sei se me levo
Ou se me acompanho
Mas é que se eu perder
Eu perco sozinha
Mas é que se eu ganhar
Aí é só eu que ganho...


Hoje eu não vou falar mal nem bem de ninguém
Hoje eu não vou falar bem nem mal de ninguém...


Logo agora que eu parei
Parei de te esperar
De enfeitar nosso barraco
De pendurar meus enfeites
Te fazer o café fraco, eh!...


Parei!
De pegar o carro correndo
De ligar só prá você
De entender sua família
E te compreender, êh!...

Hoje eu tô sozinha
E tudo parece maior
Mas é melhor ficar sozinha
Que é prá não ficar pior...


E já que eu tô só
Não sei se me levo
Ou se me acompanho
Mas é que se eu perder
Eu perco sozinha
Se eu ganhar
Aí é só eu que ganho...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

La Bella Luna...


"Por mais que eu pense
Que eu sinta, que eu fale
Tem sempre alguma coisa por dizer
Por mais que o mundo dê voltas
Em torno do sol, vem a lua me
Enlouquecer"


Paralamas do sucesso

domingo, 22 de novembro de 2009

E nunca a noite...

Sim, eu estou vendo isso. Estou sentindo isso.
Sim, eu vejo o universo inteiro prestes a desabar novamente, sobre mim.
E toda a sua onipresença cai sobre mim também.
Estou sentindo isso. Infelizmente estou. Meu mundo dá voltas, gira com uma velocidade alta de mais..Eu não consigo acompanhar (você).
Uma montanha russa aos pedaços de um parque sem rumo, futuro ou dono. Um brinquedo torto, quebrado.
Não dá pra manter e funcionar bem o tempo todo... "E nunca a noite"...

Então o que me resta, senão me encolher diante de todo essa peso, te toda a dor e de todo esse vazio brutal que me consome...(?)Me abraçar e tentar aguentar o peso, tentando não despedaçar novamente, espalhar novamente os meus cacos por aí. Esses cacos que tão cuidadosa e desesperadamente tentei colocar do lugar.
I just can't breathe anymore.
Está uma confusão enorme aqui dentro agora. Eu não consigo colocar pra fora. Isto está me sufocando. Vou sufocar e quem sabe assim funcionar...
Isso é um absurdo pra quem acabou de quebrar as correntes. Ou assim pensava ter feito.
Não me resta nada, senão suportar morrendo por dentro (dying inside), sucumbindo até o estado de não pensar estar de volta. É noite e seus fantasmas ainda me assombram...

'Mas é claro que o sol vai voltar amanhã...'

Jessica Machado.

Vida em escarlate



"Como se a vida de repente se abrisse de botão que era uma grande rosa escarlate."

É bom sentir-me livre, mais uma vez. É bom entrar em contado comigo mesma, ser o que sou e me desfazer em vento e fogo sempre que quero.
É bom se perder sem ter porquê...
Me deixar levar, pelo som, pela cor, pelo desejo...
Ter-me de novo em confusões, complicações, profundas insatisfações e imperfeitas satisfações.
Correr sempre atrás, certa apenas do que não quero, do que não sou, do que não gosto.
Não sou negações, estou aberta para aceitações, pronta para afirmações e as mais loucas exclamações.
Não, não quero ser um sujeito composto, mas também não simples demais. Deveria existir um sujeito complexo ao qual eu possa me (des)enquadrar. Um sujeito que não me dê tudo o que eu quero, quem sabe tudo aquilo que eu mereço.
E digo sim, quando eu quero, o que tenho por merecer é muito mais do que podem me dar. Eu sou inteira e as coisas que deixo pela metade ainda vou terminar, até porque minha inconstância me leva e traz como as ondas de um mar insano e insaciável.
Insaciavel...insano...Insanoável...
Vou embora e levo tudo mim! Os cheiros os pedaços e os (des)casos, acasos. Sigo o fluxo febril do fogo que me incendeia. Ou posso ir contra também, e nadar con(tra) a maré.
As vontades precisam ser vividas, até a ultima gota, não mata.

 Jessica Machado.

Listening: Blue Foudation (CD: Sweep of Days)

The last lament

Keep me hide in your arms...  And wash my tears away.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Like Pierrot


Não é um frio na barriga... É um aperto no peito. E dói.
Triste fim o meu...mas não há tempo para auto-piedade. A vida passa depressa, e eu continuo aqui, olhando, deslumbrada os meus cacos reluzentes à minha volta. Tão pequenos, mas refletem tanta luz!
E todo essa luz refletida...é como se eu estivesse perdendo toda a luz que há em mim...As cores vão se esvaindo em arco-íris comoventes... Eu tenho que me refazer, antes que o vento leve tudo de mim. Take it all of me.
Before the sunrise, eu tenho que me refazer...
Ninguém quer por perto um brinquedo torto, quebrado, tenho que me refazer. Eu não quero ser um invólucro vazio. Um ser sem vida. Existir e não ser, apenas existir.
Ahhh... Deixa eu fingir e rir... Deixa eu pintar o meu nariz e brincar de ser feliz...
Não quero ser cacos frios e vazio. Não quero e a minha vontade é a minha lei. Eu tenho que me refazer...

Eu vou dançar com o vento e cantar meu pranto, que de tudo isso se faz encanto e o riso não é mais só um som...

Jessica Machado.

Listening: Jason Mraz - A Beautiful Mess

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Mudanças


A cada triste fim, um novo começo, uma mudança repentina. A inconstância do meu ser me levanta para viver.
Os olhos negros e a maquiagem manchada pelo desespero tem fim no instante em que vi a vida novamente. Cheia de cores, farta como seios maternos.
A mudança veio assim... Não bateu na porta, incerimoniosa, escancarou-a impetuosa e entrou e mim. Penetrou em cada fibra do meu ser em pedaços. A mudança é assim. E eu encarei-a sem medo.
Agora o corpo ferve, a mente trabalha continuamente, as sensações penetram agudas e intensas na minha pele, no meu corpo Cada uma delas... Um toque, um som, uma cor...O vento se transforma num uivo, a cor num escândalo, o toque num arrebatamento e o som em samba...
E eu fico assim...caleidoscópica, com minhas sensações, desejos e emoções a flor da pele.

Jessica Machado.

"Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome."
Clarice Lispector


Listening: Jason Mraz - 'Butterfly'

domingo, 15 de novembro de 2009

Perdição.


As emoções a flor da pele. Eu exalo calor. O peito se abre, rasga de dor, saudade e desejo.
O calor ávido por suor, mesmo em dias frios, salta dos seios brancos e dança com o vento. A vontade ruge voraz e feroz e a pele arde sob o contato com a noite. O ouvidos queimam com a vontade de palavras impregnadas de gasolina, prontas a me incendiar. Pois eu tenho a centelha. Eu sou o fogo, lembra-se? Mas preciso também de combustível. Estou pronta para explodir. O vento se encarregar de varrer e esconder os meus pedaços por aí.

Não quero pensar, só quero correr e gritar. Quero dançar ao som do vento e à voz da fúria outra vez. Esta sou eu, nua e crua. Pura alma e desejo. Sou filha da Lua.
Não quero ser encontrada. Não quero me encontrar. Quero me perder, pois já perdi o bastante de mim.

Jessica Machado.
Listening: Yeah Yeah Yeahs - 'Zero'


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

My Immortal



My Immortal
Evanescence

I'm so tired of being here
Suppressed by all my childish fears
And if you have to leave, I wish that you would just leave
'Cause your presence still lingers here and it won't leave me alone

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me

You used to captivate me by your resonating light
Now I'm bound by the life you've left behind
Your face it haunts my once pleasant dreams
Your voice it chased away all the sanity in me

These wounds won't seem to heal
This pain is just too real
There's just too much that time cannot erase

When you cried I'd wipe away all of your tears
When you'd scream I'd fight away all of your fears
And I held your hand through all of these years
But you still have all of me

I've tried so hard to tell myself that you're gone
But though you're still with me
I've been alone all along

...But you still have all of me




segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Dying in the Sun


Dying In The Sun

The Cranberries

Do you remember
The things we used to say?
I feel so nervous
When I think of yesterday

How could I let things
Get to me so bad?

How did I let things get to me?

Like dying in the sun
Like dying in the sun
Like dying in the sun
Like dying x2

Will you hold on to me
I am feeling frail
Will you hold on to me
We will never fail

I wanted to be so perfect you see
I wanted to be so perfect

Like dying in the sun
Like dying in the sun
Like dying in the sun
Like dying x2


domingo, 8 de novembro de 2009

Estupidez

Estúpida. Estúpida. Estúpida.
Sim é isso que eu sou... Estúpida. Como alguém é capaz de fazer isso consigo mesma?
Escancarar uma ferida tão aberta e exposta e deixá-la ainda mais exposta, ainda pior. E foi isso que eu fizera a pouco. Retalhei minha ferida com navalhas imundas de palavras que pensara serem pensadas. Retalhei-me, esquartejei-me. Preparei cuidadosamente uma mistura de álcool e sal e derramei sobre meu supremassivo buraco negro que cada vez mais consome o meu peito. Engole, suga tudo o que há. E as dores malditas se prendem como parasitas por todo o peito.
E agora? O que faço sem você. Que faço eu sem o som do teu coração que depois de tanto tempo juntos, passou bombear o meu também.
Tudo isso por causa da maldita esperança de nos ver felizes. Ou pelo menos, menos infelizes.
Existir agora numa existência miserável e despedaçada... E o pior, sem você. Mas não sou culpada de todo por minha própria dor se não foi eu quem me dilacerou, abriu todos esses buracos no meu peito e derramou meu sangue pelo chão. Não sou o portador da espada.
A dor avança e destrói feroz e voraz a minha vida, o meu peito, a minha alma, a minha cor e a minha ação.
A fúria da dor contra um coração dilacerado.... Estúpida eu, inocentes nós...

Jessica Machado.

Listening: Silence

sábado, 7 de novembro de 2009

Soneto da separação

SONETA DA SEPARAÇÃO
Vinicius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto
Silêncioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto

De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Torpor


Me arrasto numa tentativa fracassada de caminhar, de levantar.
A casa está uma bagunça e todos os meus cacos estão pelo chão. Pequenos e frágeis demais. O suficiente para serem levados, ou arrastados, pelo vento frio que corta a pele em tantos lugares quanto possíveis. O suficiente para serem desgastados pelo atrito com o chão frio, transformando-se em poeira.
E eu vendo toda a minha essência virando pó. Pó solúvel em agonia, como fé.
Cansada de palavras vazias encantadas com sorrisos que não se estendem aos olhos, suspiro a fumaça densa do incenso aceso. Recolho-me ao pé da valsa e (des)danço a minha dor. Ao som agudo dos violinos sinto-me cada vez menor, diminuída pela sua auto-confiança dilaceradora, avassaladora.
O som sublime que antes me acalmava faz minha cabeça girar com as caleidoscópias lembranças suas, nossas.
Suspiro mais uma vez e o chão gélido me derruba de minha tentativa fracassada. Encosto meu rosto no chão, tão frio contra minha pele que arde. Fecho os olhos. E a cada inspiração uma sensação desaparece. Gradativamente paro de sentir... Os cheiros, o frio, o sabor, a cor. Mas não a maldita dor.
Sutil e silenciosamente mergulho num torpor... "Entre a dor e o nada, eu escolhi o nada".
O mundo a minha volta... São só vultos, pedaços, retalhos, quadrados. Ou é preto ou é branco - e eu ainda luto para não perceber a sintonia desse contraste.
"I live but like a stone I'm falling down..."
Tampo os ouvidos. Fecho os olhos. E o vazio brutal me consome.

Jessica Machado.

Listening: Dances with Wolves Soudtrack.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Supremassive Black Hole


Eu não me importo com o sangue no chão. Nem com a mancha vermelha no braço do sofá. A colcha de chenille que cobria a poltrona já deixou de ser importante há tempos... E o tapete com cheiro de chá mate também...
O que está feito está feito. Não se pode trazer de volta alguém que escolheu se atirar num abismo, nem mesmo se esse alguém for eu mesma.

Do que adianta sentir (Oh Deuses!), se sentir só traz dor?! Alucinante dor. Rasga minha alma ao meio, me parte em tantos pedaços quanto possíveis, me dilacera, me abre um enorme e supremassivo buraco no peito. As bordas carcomidas, vermelhas, latejantes e a carne à mostra para os malditos abutres.

 "Racionalmente, eu sabia que meus pulmões ainda estavam intactos, e no entanto eu arfava e a minha cabeça girava como se meus esforços não dessem de nada".

Não. Qualquer contato pele-pele me suprimia e traziam lágrimas aos olhos.

Malditas lágrimas. Ousadas e infiéis, subiam-me nos olhos, queimavam-me o rosto e mostravam o sangue sempre gotejante das feridas abertas.

Não, eu não me importo mais... O sangue espesso e fresco, a mancha escura no sofá e a colcha de chenile... Não era pra ser assim, mas não quero limpar a bangunça de outra pessoa, não importa se o sangue é meu, não fui eu quem causou tal derramamento, tal desatino. Não me importa se o sofá era meu e o vinho era presente, não foi eu quem derramou. Não me importa se a poltrona era a minha preferida e a colcha o meu conforto... Oh Céus! Que o meu cadáver apodreça enquanto as minhas feridas continuarem em carne viva, vermelha e flamejante. A dor é minha, só minha, mas não a espada dilacerante.

Jessica Machado.

Listening: Interview With A Vampire's Soundrack 

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Conversa de botas batidas


Sentiu cheiros novos no ar. Cheiros quentes e bons, como o de tortas de maçã, como o cheiro de canela.
Parecia até que um novo tempo chegou...Sabia que não era iso, era só um dia bom. Mas Céus! O que é um dia bom em uma época de tantas lamúrias?!
O ritmo a contagiava... Um samba a dois tão risonho! Uma floresta inteirava olhava para ela agora, tão inocente. E ela se deixou levar, nos cheiros quentes, nas brisas frescas, no bosque nunca silencioso, no ritmo, na dança.
Passou horas a fio, só observando e admirando. Estava leve como as folhas que o vento tirava para dançar. Dançava por dentro. Ah...a vida é um espetáculo em dias assim.
Precisamos de amar mais... E afastar toda essa falta de cor.

Jessica Machado.

Listening: Los Hermanos - Conversa de Botas Batidas

terça-feira, 27 de outubro de 2009

O Grito


Por três vezes tentou, mas caiu exausta. Sucumbiu ante a covardia que agora a jogava na cama, pressionando sua força.
O grito amargo preso a garganta sufocando-a. Mas não, não conseguia, e no fundo sabia que não podia, gritar. Porque se gritasse uma vez nunca mais pararia e se perderia no vácuo do escândalo mal sucedido.
Gritar era se mostrar, era cortar a carne pútrefa da máscara de seu carácter mal fingido. Gritar era jogar-se num abismo imenso. Gritar era mostrar o que incomoda o que magoa, o que enfurece, e ninguém, ninguém quer ver ou ouvir. São todos cegos aos motivos dos gritos alheios. Mas só do motivo, pois o grito todos escutam e ela não queria sentir-se acuada diante de toda ignorância do outros. Ninguém quer vê-la gritar iriam pensar que era louca.
Louca, por tentar gritar pra fora toda a imundice que jogaram dentro dela. Louca pela tentativa desesperada e escandalizada de gritar pra fora tudo aquilo que a deixava doente. E o carácter mau fingido ganhara dessa vez.
Ela que era tão corajosa e afiada no que escrevia jazia agora quieta e muda na cama. Muda, emudecida pela covardia. No fundo talvez sabia que o grito seria em vão. Era melhor que todos pensassem que tudo estava na devida ordem, enquanto tudo estava às avessas, do outro lado do espelho.


Jessica Machado.

Listening: A chuva lá fora.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

A ermo

Cara, o blog foi completamente abandonado por mim...Que triste!
Bom, muuuitas coisas aconteceram depois do ultimo post e eu não estou com a mínima paciência de contar agora. Talvez nem nunca.
O que da pra falar é que to bem mais felizinha que quando no ultimo post. Cara, nem se compara mesmo!
Anyway... Vou tirar um pouco das teias de aranhas enquanto é ferias (grande tempo...só restam mais 3 dias de liberdade provisória) e depois voltar a não postar. Ou talvez só pelo fato de ter escrito que vou abandonar o blog de novo, eu não abandone ele mais. As vezes é assim...Me contrario mais que qualquer um. é como se fosse uma lei do superconsciente não deixar que eu faça as coisas que eu falo que vou fazer... Estendeu isso? (eu quase não).

O fato é que ultimamente o CEFET tem me consumido tanto que quando sobra algum espaço (isso não acontece realmente) eu simplesmente durmo, "panguo", "viaaajo na maionese" ou simplesmente desmaio de sono diante dos livros na escrivaninha...
Humn...cansei.

Lintenig: The Beatles - "Dear Prudence" (na versão do Across the Universe, pra falar verdade)

"É que sinto falta de um silêncio. Eu era silenciosa.
E agora me comunico, mesmo sem falar. Mas falta uma coisa. E vou tê-la.
É uma espécie de liberdade, sem pedir licença a ninguém."
Clarice Lispector. (é claro)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Espinhos tem rosas.


Chegará um tempo em que o príncipe negro deixará de ser uma lembrança maravilhosamente cruel
Chegará o tempo em que você andará pelas rosas brancas e encontrará um único príncipe negro
Este, será o meu amor por você
Carregarei sempre sua lembrança comigo
No meu coração
Sua magia te transformará
E moveras eras para que nós nos encontremos novamente.
Chegará um tempo em que suas lágrimas deixarão de ser rubis preciosamente cruéis
Para novamente serem diamantes cruelmente preciosos
Esse novo tempo há de chegar
E sua magia há de novamente perpetuar.
Jessica M.

terça-feira, 3 de março de 2009

Sonhos Entorpecentes [ II ].


Ela caminhava lentamente por uma rua de pedras, completamnte deserta. Havia arvores em toda a sua extenção, como se fosse a mata siliar de um rio.
Estava apreensiva, agitada, ansiosa. Seu coração batia de forma acelerada. Onde estava? O que estava acontecendo?
Sua respiração era ofegante, suas mãos começavam a tremer e sua mente estava quase entorpecida.

Parou bruscamente de andar, fechou os olhos e sentiu um cheiro muito doce, enjoativo. O cheiro asfixiante de morte. Aquele cheiro causou-lhe nauseas, ele entrava por suas narinas como uma massa expessa, sufocando-a, possuindo sua mente. Abriu os olhos e viu neste momento uma borboleta escura voar com dificuldade dentro da escuridão, como se aquele cheiro a tirasse as forças e a puxasse para baixo.
Observou-a até onde seus olhos alcançaram, o que não foi muito, a escuridão estava tão densa aquela noite, uma véu negro que engolia tudo e todos.

Quando a borboleta sumiu de suas vistas uma luz branca envolta em brumas surgiu. A principio pensou que era uma grande luz que estivesse a uma longa distância, mas lentamente a luz se aproximava, e em sua volta uma silhueta negra se formava. Foi quando percebeu... A noite estava imersa em trevas, não consegueria ver a uma distância tão longa. A luz não era do tamanho que ela pensara... era sim, um pequeno ponto que estava a poucos metros de si. Suas feiçoes mudaram imediatamente. Seu delicado rosto se transformou num misto de surpresa, medo e, principalmente curiosidade. Seu coração neste momento batia tão rápido que já não era mais possível escuta-lo.
A silhueta ficando cada vez mais perto e definida. Quando deu por si, estava frente a frente com um homem alto e forte. Sua presença se fez tão forte que ao tentar ver o rosto dele sua mente entorpeceu e ela desmaiou.

Instantes depois ela acorda assustada, o corpo úmido de suor. Seu quarto estava escuro por causa das densas cortinas fechadas, mas o dia já estava claro. Atordoada ela levantou-se da cama, abriu as cortina com violência e sentiu a brisa fresca da manha acariciar seu rosto.
Fora tudo um sonho? Não. Fora tão real... Como se a tênue linha entre a fantasia e a realidade tivesse se partido, outra vez. Talvez não houvessse volta. Estava fadada a viver entre estas duas dimensões tão distintas. Borboletas e Furacões.
Quem era aquele homem cujo rosto não pode ver?

Jessica M. [23-10-2007]

Linstenig: Muse - "Butterflies and Hurricanes"

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Sonhos Entorpecentes [ I ].




Hoje ao acordar ela se manteve na cama por alguns longos minutos... Havia tido estranhos sonhos aquela noite, sabia disso. Mas não lembrava de imediato com clareza e detalhes. Permaneceu na cama inerte, de olhos cerrados como se ainda estivesse dormindo.
Qual era o significado de todas aquelas imagens? Algumas sem sentido nenhum, outra nítidas e objetivas. Era como se a tênue linha entre a realidade e a fantasia tivesse se partido aquela noite.

Era estranho pensar, mas sabia que algo não estava certo, algo essencial tinha saído do lugar de onde nunca deveria ter saído.

Sonhou a maior parte da noite com rosas negras, com seiva da cor luar que escorria como o sangue quente dos pulsos após um profundo e doloroso corte. Corte esse de que tinha uma fina cicatriz em seu pulso esquerdo.
Conhecia muito bem, portanto, a sensação que lhe causara ao ver aquelas rosas estranhamente encantadoras. A mesma sensação que teve ao ver o resultado se seus atos sobre o pulso cortado e febril. Não que fosse uma dor somente física, na verdade a dor que sentia dentro de si era tão intensa que não sobrava espaço dentro de sua mente pra a dor física.

Sonhou que alguém lhe entregava essa tais rosas, alguém que conhecia muito bem, mas não lhe vinha na mente quem era. Sentiu seu cheiro, a presença asfixiante e a silhueta quase omnipotente. Sentiu um olhar pesado sobre si. Quem era? O conhecia sim, mas não lembrava. Simplesmente não conseguia se lembrar. Era como se sua mente se interrompesse no momento em que conhecera aquele homem, apagando-o quase que por completo de sua mente. Quase. A imagem fora apagada, mas a estranha sensação que ele lhe causava não fora. Sentiu-se prepotente e frustrada por não saber que era.

[...]

Jessica M. [ 21-10-2007]

Listening: Nightwish - "Sleeping Sun"

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Supérfluo


Muitas vezes encaramos o intrínseco como se fosse supérfluo.
Fato. E a ordem inversa dessa frase também é verdade. Ao encararmos as coisas desta maneira erronea, pode ter certeza, estamos jogando boa parte da nossa vida fora. E atoa!
Dias chuvosos? Cara, sinta a chuva em seu corpo, em seu rosto, deixe fluir. Encare o fenomêno como um presente!
Dias quentes? Cara, aproveite o dia, sinta o sol, respire fundo e veja quantos cores há nestes dias ensolarados!



"Se me derem o supérfluo dispenso alegremente o essencial".
Oscar Wilde.


Listening: Disney's Song - Anastasia - "Once Upon a December"

Jessica Machado.








segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Essência forte.


Saudade dói. Machuca.
Estar longe de alguém importante para mim deixa-me quase sã. Não ver os olhos, não sentir o cheiro nem ao menos tocar.
Certas pessoas nos fazem tanta falta que sentimos a ausência constante delas nos assombrando. Certas pessoas passam por nossa vida e, por mais curta que seja a permanência dela, nos marcam para sempre. Isso é estranho, pois quanto mais intensas for a essência dessas pessoas, mais efêmeras elas são.
A essência intensa, cabelos cor-de-fogo, olhos profundos e voz aguda. Foi uma pessoas assim que me marcou, me fascinou. A alma leve e pesada, a fala firme e falha, tudo em uma complexidade de sentimentos e características nunca vistas me sugaram em um mundo de enigmas. Ansiei cada vez mais pelas respostas destes e nada encontrei e de repente, *puft* ela sumiu. Meu enigmas, meus paradoxos e meus anseios permaneceram com a amargura de nunca serem resolvidos.
Ah! Como doía vê-la em todo o canto e perceber que, de fato, não era ela. A impressão de que ela estava longe demais das minhas duvidas traziam do fundo do meu âmago um gosto amargo.
Estranha sensação. Absolutamente ridículo e desnecessária, ela deve pensar. Ficou tão pouco tempo em minha vida. Tempo insuficiente para que eu recebesse noticias suas. É, concordo. Estranho demais. Mas fazer o quê, se me fascino com pessoas de essência forte. -.-
Ruiva, pequena e branca. Agora não mais ruiva, voltou. Voltaram também meus enigmas, meus paradoxos e meus anseios por respostas, agora tão intensos quando infundados.
Mas ainda sim, estou eufórica. Oras! Há mais de um ano que não tenho notícias, quero respostas e exijo a parte de mim que ela, inconscientemente, levou com ela.

"...Devo registrar aqui uma alegria. É que a moça num aflitivo domingo teve uma inesperada felicidade que era inexplicável : no cais do porto viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro: queria ver espocarem fogos de artifício."
Clarice Lispector


Listening: Blue Foundation - "Distant Dreams"

domingo, 18 de janeiro de 2009

Fim.


É, fim. Fim das minha pseudoféria brisante. Então, como é de se esperar, post escassos e uma dose grande de reclamações.
Ahh... Ontem eu fique até altas horas da madrugada tentando colocar a merda de uma musica Aqui no blog... Como não tem música nenhuma tocando enquanto você está ledo isso, pode tirar suas conclusões de que sou realmente uma negação no pc. Oh shit! Queria muito uma musica aqui!
Wherever... Hoje foi meu último dia de férias, estava um calor do caramba e eu estava muito longe do meu Gatinho. Perfect, isn't it? ¬¬'

Ta legal, tentei me contentar com um pequeno grande pote de açaí de 500 ml, com direito a banana granola, SÓ PRA MIM! Humpf...

Fui assistir Filme na casa da KK, com a Jejéh e o Wally [Credo, filme bizarro! *muito medo*], fizemos palha italiana pra comer e só. De noitinha fui ver meu amor, que tinha acabado de chegar *muito preto* da Serra do Cipó. Fiquei grudadinha nele pra aproveitar meus últimos momentos de sossego com ele antes das minhas aulas começarem [Amor, eu AMO você!].

Sobre meu 1º dia de aula de 2009 (o que não significa que eu esteja no 2º ano, pois meu ano letivo só termina dia 07/02/2009) foi legalzin... Tipo deu pra matar saudade de todo mundo, mas só de pensar que ainda tenho mais 3 semanas de aula até entrar de férias [desta vez, férias de verdade] dá uma preguiça... Ainda mais quando penso nos trabalhos/prova que ainda tenho que fazer.
By the way, eu estudo no CEFET-MG...to cursando técnico em química lá.

Mudando de assunto:

Cara, eu fico pasma de ver como são as coisas! Os tipos mais bizarros de coisas acontecem por aí e , caso nenhum pessoa importante/conhecida esteja envolvida, elas não adquirem importância nenhuma! Entram na lista infinita de coisas ignoradas por pura ignorância das pessoas. Isso, porque as pessoas são os seres mais estranho do mundo!

O Coringa tem razão quando disse: " Se eu disser que vou matar um arruaceiro ou explodir um navio com soldados, ninguém entra em pânico. Mas quando eu digo que um prefeito, um prefeitozinho qualquer, vai morrer, todo mundo entra em pânico."
Ou seja, se não for importante, oferecemos o descaso! Incrível. ¬¬'

""O crepúsculo, de novo. Outro fim. Mesmo que o dia seja perfeito, sempre tem um fim."
Stephenie Meyer [Crepúsculo]

Listening: Blue Foundation - "Eyes on Fire"

Beijinhos.

Doce meio Amargo.




A menina saiu da sala deixando-o afogado em seus pensamentos

"Mas ela é só uma criança... Uma pequena e curiosa criança.
De fato era inocente, seus olhos transmitiam inocência sempre que os fitava por mais de alguns segundos. Mas aquela criança, pequena e inocente não era, definitivamente, indefesa. E a cada dia que se seguia daquela convivência entorpecente ela mostrava tal coisa de maneira mais forte.
Era ate mesmo asfixiante pensar que a cada segundo surgia com uma nova ideia ou opinião sobre tais assuntos..."

Ela chegou ao seu quarto o observou cada detalhe como se estivesse entrando ali pela primeira vez. Aquele não era seu lugar, definitivamente, mas sentia que era quase sua casa. Passou alguns segundos fitando um tênue feixe de luz, denso como uma bruma que ao encontrar-se com o chão escuro, deixava exposto um contraste quase brutal.

Ainda submersa em devaneios seguiu o feixe de luz com o olhar até deparar-se com a sua origem.
A janela estava fechada e as cortinas também, deixando apenas uma fresta, por onde a luz passava com tanta violência.
Então ela olhou as cortinas, tão densas e negras quanto ao veludo da noite, e pousada nelas duas pequenas borboletas brancas. Uma completamente inerte, como se estivesse morta. A outra movimentava as asas "subindo e descendo, como se respirasse".


-.-

Jessica Machado. [19-10-2007]