terça-feira, 26 de janeiro de 2010

I'm tired of your easy words.



Estou estou sentindo falta de algo hoje.
É uma sensação estranha...um vazio que ocupa espaço demais.
Só espero que não seja a falta das suas mentiras.

Eu tinha um sério problema: As mentiras me interessavam. Muito.
Tanto que, depois de um tempo, eu passei a vivê-las.
Mentiras são fascinantes e incrívelmente sedutoras.

"Where? Show me.
Where is your love?
I can't see it. I can't touch. I can't feel it."

"Eu não te amo mais. Adeus."

sábado, 23 de janeiro de 2010

Condição


   
Primeiro o sol.
   O toque delicado e quente da luz sobre a pele absurdamente fria
   Dentro da floresta escura e densa, o sol penetrava com dificuldade, mas seus raios eram se tornavam visíveis até o encontro com o chão.
Era um contraste absurdo, hipnotizante. E lá ia ela... Hesitava, respirava fundo e mergulhava na luz.
   A fuga e a guerra sugavam suas forças e ali, dentro daquele fino filete de sol, ela tirava suas energias pra mais uma corrida.
   Depois vinha o calor, que de sutis carícias se tornava avassalador, até que começava a queimar-lhe a face branca.
   Ficava lá, parada até que o calor começasse a penetrar pela pele, causando-lhe uma dorzinha aguda, como um corte. E recolhia-se, pois sabia que se passasse mais tempo exposta, a dor se tornaria dilaceradora e sua pele se abriria em carne viva.
   Abrigava-se nas sombras e ficava observando os estragos, até que sua pele voltasse a ser a superfície lisa e branca de sempre.
   Ahh, as sombras. Era seu abrigo...  e sua prisão.
Precisava dela para sobreviver, mas essa condição a deixava profundamente infeliz.   
   Era uma dor tão profunda que só ela sabia de sua existência. Profunda demais para ser exorcizada... Seja em palavras ou lagrimas. 

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Des espero.



Maldito medo que engole a minha voz.
Maldito órgão que afugenta as minhas palavras.
Maldita angustia.
Mal ditas mentiras.
Maldita seja eu, que acreditei em todas elas.

E agora, perto demais, os seios fartos de vontades. O peito farto de palavras vazias, abrindo-se em dor. A cabeça cheia, atordoada, fixada em todas as mentiras que acreditei como minha fé. Elas transbordam do peito e impregnam pelo corpo, pela casa, o caos e o cais.

Não há muito o que falar. As lágrimas são as reticências. Dizem tudo aquilo que ficou preso na garganta. Sufocado no peito, pressionando os pulmões, jogando o corpo frágil contra o chão frio e sujo. Lágrimas afogando tudo num silêncio profundo demais. Inclusive a mim.

Maldito. Mal ditas.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Impressões



Saber demais.
Querer demais.
Amar/Odiar... demais.
Recear demais.
Às vezes, "demais" é o que nos empurra pra frente.
Seja para a fuga, para luta ou para a liberdade, nos empurra.

Desejos sempre são demais.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Trechos avulsos de textos inacabados.


A sombra escura, o olhos perfeitamente delineados e os longos cílios.
A pele clara, lisa, suave...como uma uma manha de inverno, na qual o sol insiste em brilhar, pálido.
A boca pintada de vermelho sangue, que deixa um rastro de desejo por onde quer que passa.
A verdade nua e crua, estampada nos olhos vidrados, perdidos. 
Mas ainda sim eu vejo um brilho neles, 
da cor da luz que a lua macilenta emana em noite de trevas.
Um perfeita boneca de porcelana. 
Fria como uma.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Saudade das sensações que nunca tive.


   Liberdade


   As estrelas eram visíveis e a lua emitia sua luz tão feroz que rasgava as trevas da noite e se misturava com as brumas do frio, tornando o luar quase palpável. As poucas luzes do bairro pareciam borradas, esfumaçadas em sua visão periférica, criando um cenário espetacular para aquela noite.
   Fechou os olhos e respirou fundo, o cheiro conhecido de pinheiros e damas-da-noite era denso, mas não pesado. “Aqui é um bom lugar”, pensou.
   É claro que era, aquela praça, lugar onde esteve inúmeras vezes com ele, era muito próxima ao único lugar que um dia pode chamar de casa. E era exatamente a casa onde ele morava.
   No meio na praça havia uma fonte que durante o dia passava quase despercebida, mas agora, nessa cenário especialmente belo, o luar a iluminava e as luzes verdes em sua base, estavam acesas. Isto fazia parecer que a água corrente da fonte caísse em câmera lenta, quase em flashes. Ela simplesmente admirava, hipnotizada.
   Foi quando de repente viu, ao descer os olhos lentamente, percorrendo toda a extensão da fonte, uma silhueta alta, forte. Fechou os olhos novamente, mas prendeu a respiração. “Deve ser esse cheiro” pensou.
   O cheiro fazia sentir-se bem... E nostálgica. Devia ser isso, pois ao reconhecer a silhueta do outro lado da fonte e fechou os olhos para que ela sumisse, pensando ser só sua imaginação.
   Ao abrir os olhos novamente, para sua surpresa – e desespero – a silhueta ainda estava lá, agora mais próxima, andando em sua direção. Queria fugir, correr e se esconder, mas algo – e ela sabia muito bem o era – a manteve totalmente imóvel. “Não”, foi tudo o que conseguiu pensar.
   Ele chegou perto o bastante para ela ouvisse o silvo baixo que saiu de sua boca. “Alice?”. Ela gemeu ao sentir como era bom ouvi-lo dizer seu nome. Ele a encarou e por puro instinto ela fechou os olhos. Pensaria melhor se não o encarasse – como se fosse possível não encará-lo..
   - Alice. - ouviu ele dizer novamente, o rosto a um palmo do seu.
   Sentiu ele segurar seu queixo, hesitante, e levantar seu rosto em direção ao dele. Gemeu de novo ao abrir os olhos e se deparar com aquela floresta cheia de mistério que eram seus olhos verdes. Seu toque, sempre quente em sua pele, o hálito quente de menta em seu rosto e o cheiro... O cheiro entorpecente de sua pele.
   - Evan?
   - Pensei que não te encontraria aqui. - foi tudo o que ela conseguiu dizer.
   Ele seu um sorriso torto, quase imperceptível. - Eu moro aqui do lado, Alice.
   - Você costuma viajar essa época do ano.
   O sorriso no rosto dele se desfez, seus olhos eram tristes e profundos, como se alguém naquela floresta gritasse por socorro. Isto a deixou profundamente incomodada. Esperava ver felicidade nos olhos dele.
   - Então, você só veio aqui, porque sabia que não iria me encontrar? - Perguntou ele com pesar.
   Ela assentiu com a cabeça.
   Ele baixou os olhos libertando-a da ligação que se fez quando se olharam nos olhos.
   - Eu não quis ir viajar esse ano. Na verdade não consegui sair daqui... Estava esperando por você - concluiu sem vontade, quase sussurrando a última parte.
   Ela sentiu um enorme aperto coração ao ouvir as ultimas palavras e tornou a encará-lo.
   - Me desculpe.- disse, mas queria dizer mesmo outra coisa, alias, uma infinidade de outras coisas.
   - Você não ia voltar, não é?
   - Não. - disse mais uma vez querendo dizer outra coisa.
   - Você foi embora e me deixou sozinho naquela casa cheia de lembranças suas, nossas. Não me disse por que foi embora e eu continuo sem saber. Não consigo te entender, Alice, nunca consegui e parece que vai ser sempre assim. Você não me ajuda com isso. - ele disse tão rápido que ela precisou de alguns segundos pra absorver tudo. Ela continuou calada. Não sabia o que dizer.
   - Você sempre foi tão efêmera. Você sempre me teve, mas eu nunca tive você. Nos últimos meses que você ficou comigo, achei que gostasse de mim, ou pelo menos de ficar comigo. Nunca estive com você por tanto tempo, continuamente. Percebi que estava realmente enganado. Você estava querendo ir embora, como sempre, desde o começo. Só não sei por que esperou tanto. - ele disse em voz alta, mas parecia mais estar pensando consigo mesmo do que falando com ela.
   - Nunca quis ir embora. - disse ela rápido demais. E se arrependeu. Tinha que deixar tudo como estava e ir embora, era o melhor a fazer. Não o melhor para ela, mas sim, o melhor para ele.

   - Então por que foi? - perguntou confuso e com um leve tom de irritação.
   - Eu... Precisei. – disse tentando ser sincera e não ser clara ao mesmo tempo.
   Ele deu outro sorriso torto que não se estendeu aos olhos. Era um sorriso amargo.
   - Você não vai me dizer... Devia estar acostumado. Mas antes que você vá embora repentinamente, de novo, deixe-me saber de você.
   - O que quer saber, não há nada de interessante que você queira saber. - ela disse mais uma vez rápido demais.
   - Para mim, você é a pessoas mais interessante do mundo – ele fez uma pausa e continuou - E eu sempre quero saber tudo sobre você.
“Saia daí, agora, vá embora antes que seja tarde demais” pensou ela consigo mesma e soltou um “Ahh...”.
   - Ora vamos, Alice. Podemos conversar pelo menos um pouco, não? Onde está morando, ou melhor, dormindo?
   - Ahh...Por aí.
   E então aconteceu. Ele olhou-a como se quisesse salvá-la e mantê-la segura em seus braços – a floresta em seus olhos se transformou em um acolhedor bosque que a convidava – e a abraçou, com toda a ternura de sempre, como se estivesse protegendo-a de todos os males do mundo. O corpo quente, os braços fortes e o cheiro enlouquecedor de sua pele. Um calor a invadiu de dentro pra fora até queimar suas orelhas, um torpor a atingiu e ela se sentiu incrivelmente bem, como há muito não se sentia. Abraçou-o também, sem conseguir resistir. Ela queria muito ficar, deixar o sentimento que tinha fluir, e ser amada também. E gemeu quando as correntes que tinha colocado para conter o amor que sentia por ele estavam prestes a serem quebradas. Então ele intensificou o abraço afagou seus cabelos e brincou com os lábios em seu pescoço, do ombro a base de sua orelha e sussurrou:
   - “Eu amo você”.
Sem dó ou ressentimento as correntes se partiram, uma pequena e brilhante lágrima transbordou de seus olhos e um suspiro lhe veio, do fundo de seu âmago, como um aviso de que ela estava livre e inteira.

Jessica Machado [17/01/2009]

Nostalgia


Ela mergulhou num silêncio profundo e as lembranças eram tão fortes que os ponteiros do relógio pareciam mudar de sentido, transportando-a para o passado.
O tempo virava pó, vento e algo intocável.
Os olhos desfocados, como se estivesse em outro lugar.
As lembranças tão palpáveis
Estavam lá, nítidas, explícitas
Mas quando tentava toca-las suas mão encontravam um tênue véu.
Como uma cortina extremamente fina.
Branca, translúcida.

Ficou fitando por horas tudo aquilo que já teve e que nunca teve. Fitando as vontades, as cores, as sensações e reações.
Saboreando.


A última ceia.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

“Mas estava feito”.


   Andava sem rumo pela cidade, como vinha fazendo há um mês.

   A cidade suja e caótica, onde ratos espreitavam avidamente os desavisados, prontos ao ataque, prontos para sugar quase toda a vida ao redor objetivando sustentar seus vícios asquerosos.
   Há um mês Andava sem rumo, em um ritmo diferente de todos... Saíra da casa dele sem saber o porquê. Simplesmente não suportava mais aquela casa que não era sua, não suportava também não ter um lugar para chamar de casa...
   Passava a noite na casa de amigos. Um dia lá, outro dia aqui... Sem planos, sem rumo, sem nada, mas principalmente, sem sonhos. Não sonhava mais, não conseguia ao menos dormir. Quando deitava e fechava os olhos, cansada de tudo, um buraco negro se abria em seu peito, tão forte que pressionava toda a matéria contra ela e a fazia arfar, asfixiada. E a cada dia que passava a sensação piorava e o buraco aumentava. Um preço que sabia que tinha que pagar, o preço pela traição, pelo abandono. O preço muito caro que pagaria para o resto da vida, a não ser que...
   Não, não poderia voltar atrás, fizera o que fizera por ele, e se ele ficasse bem, nada mais importava, nem ela mesma. Desistir do que mantinha suas emoções pulsantes não fora fácil, fora cruel e extremamente doloroso, mas se no fim fez com que ele se sentisse realmente bem e o livrasse de toda a dor...
    Mas era um fato doloroso. Viver só aqui, no mundo real, onde tudo é pesado, escuro e vil. Um caos. Lamentava-se por ter perdido o único feixe de luz que desfazia o buraco negro em seu peito. Seus sonhos, o mundo dos sonhos e suas borboletas.

   “Mas estava feito”.

   Não havia mais beleza velada, não havia mais rosas negras na triste sina que estava fadada a seguir. Não nascera para isso. Tudo tão real, cru e direto, como sempre fora a sua vida antes de descobrir o caminho que tinha que seguir, e que abandonara há pouco mais de um mês...

Jessica Machado. [17/01/2009]

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

[Des]esperança.

"Hoje o dia não é um bom dia", pensou. Sabia que algo ia dar errado, mas tinha talento pra fingir que nada percebia. Tinha talento pra cometer a estupidez de ignorar seus instintos. E quanta estupidez ela tinha. Era desesperador ver o quão estúpida podia ser. O problema é que ela acreditava demais nos outros. Acreditava que todo mundo era sincero em relação aos sentimentos. Tão inocente. Oferecia a arma para atirarem nela. E eles atiravam, ah, e como atiravam.
Foi espancada o suficiente por hoje. Já bebera sua cota de ácido sulfúrico.
E foi assim, ferida e assombrada que tirou forças e correu até o jardim. O desespero começava a naufragá-la. Respirou fundo e com toda a força, alma e fôlego que tinha dentro de si, gritou uma oração aos céus:



"Meu Deus, me dê a coragem
de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites,
todos vazios de tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio como plenitude.
Faça com que eu seja a tua amante humilde,
entrelaçada a ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo
e receber como resposta o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de te amar,
sem odiar as tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços o meu pecado de pensar.”

Clarice Lispector

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Gotejante




                                        Bom mesmo seria poder arrancar do peito aquilo que pulsa a dor.


sábado, 2 de janeiro de 2010

Adeus

   Mas o que eu não percebia ou não queria perceber era que até agora eu só tinha dito “Até mais” ou “Até logo”, mas o que eu realmente preciso pra seguir em frente era de um “Adeus”. Por mais doloroso que fosse e me rasgasse ao meio é disso que preciso.
O problema é que essa cegueira permaneceu comigo tempo demais. E não há mais como dizer Adeus, uma fez que isso já deveria ter sido dito quando ele partiu.

   E agora? Faço o que com o Adeus tão ensaiado e preso a garganta. Enxergar não adiantou de nada, pois seus fantasmas continuam me assombrando.
Ainda é difícil ficar bem, e quase impossível à noite. Mas ainda vou dizer meu Adeus ensaiado. Talvez assim seja mais fácil te esquecer. Esquecer 2 anos e meio de puro sentimento. Ou, no mínimo, parar de sonhar com você.

   É.... Esses malditos sonhos. É uma invasão. É sujo e cruel.

   Mas sim, é de um “Adeus” que preciso. Mas um “Adeus” dado por mim. Até por que o simples fato dele ter ido embora já foi um “Adeus” da parte dele, por mais que ele tenha despedido de mim com beijos, abraços, afagos, “Eu te amo”’s e “Eu vou voltar”. Aliás, que despedida... E eu ainda lembro muito bem que ele me beijou até o último momento possível, me segurou até o último segundo.
   São coisas tão difíceis de serem deixadas pra trás...
   I don't want to, but I need to. Desperately.

   "Adeus".