domingo, 6 de dezembro de 2009

Concentrado


Meu amor não era espalhado. Derramei-o todo em você. Você bebeu-o. Impregnado por esse amor absurdo, embriagante, você se viciou e disse ter amado também.
O seu dizer acabou. E eu, faço o que? O que faço eu com toda a enxurrada de amor que derramei em ti, por ti?
Não meu amor não era espalhado, nunca foi. Era todo seu, o frasco inteiro, o oceano inteiro. E agora? O frasco vazio e todo o meu conteúdo em ti.
Não, não é reversível. Você bebeu dele. Ele evaporou e nós inalamos. Tudo. Inalamos, enlouquecemos, embriagamos-nos, vivemos, amamos. O resto ainda está impregnado em você. Não há devolução. Por mais que eu queira, não há volta, não há reparação.
Não há como me recolher agora, não há como recolher todo o amor que te dei, que derramei, que vivi, que vivemos. 
O frasco ficou vazio. A forma sem conteúdo. O conteúdo todo por aí, com você, em você...Escorrendo por entre suas mãos, em suas estranhas, suas mudanças estranhas.
Mas você não o quer mais. Tens-o todo e não o quer. E eu quero-o todo e não o tenho. Não consigo absorver pra dentro de mim. Trazer de volta, encher o frasco. Não há como.

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