domingo, 11 de dezembro de 2011

Como esperado.

- Não se esqueça, menino: Quando a felicidade não bate à porta, você tem que ir em busca dela.

Dito isso ela foi embora. Mas eu não fui capaz de ver que ela estava me deixando e que eu sentiria sua ausência como uma ferida que não se cura.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

"- É pecado sonhar? 
- Não, Capitu. Nunca foi.
- Então por que essa divindade nos dá golpes tão fortes de realidade e parte nossos sonhos?
- Divindade não destrói sonhos, Capitu. Somos nós que ficamos esperando, ao invés de fazer acontecer."

domingo, 11 de setembro de 2011

Nau à deriva


"...à deriva 
longe demais
do cais do porto
perto do caos (...)

Meu coração é um porto sem endereço certo
é um deserto em pleno mar."

- Engenheiros do Hawaii

"É alta madrugada, já é tarde demais"


Lavou a alma. Disse tudo o que tinha para dizer e mais. Acordou com uma gigantesca sensação de leveza que aumentava toda vez que pensava no dia anterior. Finalmente tinha transformado aquelas reticências em ponto final. Está feito, pensou com um sorriso nos lábios.

sábado, 10 de setembro de 2011

Oi. Provavelmente não nos conhecemos, mas você é o próximo cara que vai aparecer na minha vida e antes de tudo, de tudo mesmo, eu preciso te dizer uma coisa: Não vai dar certo.

Você vai aparecer na minha vida quando eu finalmente estiver gostando mais de ficar sozinha. Sutil ou arrebatador, por algum motivo eu vou permitir que exista um amanha com você. Eu sou uma pessoa emocionalmente danificada e apesar de te querer por perto vou manter sempre uma distancia de você. Deixarei claro: não abrirei mão da minha liberdade. Não. Não quero e nem estou pronta para fazer isso de novo tão cedo. Sou gado criado solto. Mas não se preocupe, a sua liberdade também não será ferida. Talvez depois de um tempo eu pense nisso e passe a me importar, mas no fim não me interessará onde você esteja ou com quem você esteja, contando que somente eu seja o seu amanha também. "Teremos tudo o que duas pessoas precisam para ser feliz", mas ignoraremos isso. Seremos "o que da para fazer, o que não dá para evitar e não se pode esconder." Talvez eu saiba, bem la no fundo, que é em mim que você pensará antes de dormir, que é só para mim que você terá vontade de compartilhar certas coisas, importantes ou não. Talvez eu sinta que você me quer por perto, que quer ouvir da minha risada e quer que eu acorde do seu lado depois de uma boa transa. Isso tudo vai acontecer comigo também e quando eu perceber que estou mais envolvida do que deveria, eu vou me desesperar. Mas vou fingir, para você e para mim, que nada mudou, e você vai me mostrar de todos os jeitos que não se importa comigo e isso vai me machucar. E aí eu vou dar um jeito de realmente foder com tudo, conosco. E só quando você não estiver mais ao meu lado, por culpa minha, é que eu vou perceber o quanto eu me importava e o quanto eu queria você entrasse na minha vida.
Apesar de saber que não vai certo, eu ainda espero. Espero por você e pelo que nós poderemos ser. Eu realmente espero que você arrombe essa porta que mantenho tão brutalmente fechada, por medo, por razão, e invada minha vida, minha cabeça e meu coração. E realmente espero que você, meu futuro caso torto, nunca me apareça pela metade, que "quando estiver comigo, seja todo você. Corpo e alma. Às vezes, mais alma. Às vezes, mais corpo. Mas, por favor, não me apareça pela metade". Ultimamente eu tive muitas metades e isso foi me deixando cada vez mais danificada, porque eu odeio metades.
Como eu disse, sou emocionalmente danificada, não sei mais fazer com que as coisas dêem certo. Não sei lidar com palavras e cada vez que tento melhorar alguma coisa em relação a sentimentos sempre vou embora com frustração de ter piorado ainda mais as coisas.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ainda é cedo




"...Ela também estava perdida
E por isso se agarrava a mim também
E eu me agarrava a ela
Porque eu não tinha mais ninguém
E eu dizia: - Ainda é cedo
cedo, cedo, cedo, cedo.

Sei que ela terminou
O que eu não comecei
E o que ela descobriu
Eu aprendi também, eu sei
Ela falou: - Você tem medo.
Aí eu disse: - Quem tem medo é você.
Falamos o que não devia
Nunca ser dito por ninguém
Ela me disse: - Eu não sei mais o que eu
sinto por você.
Vamos dar um tempo, um dia a gente se vê.

E eu dizia:
 - Ainda é cedo
cedo, cedo, 
cedo, 
cedo..."


- Legião Urbana.

Rodo cotidiano.

- Eu tinha tantas ideias na cabeça, tantas palavras na garganta! Estava quase pronta para dar à luz e vê-las no papel, mas elas foram lavadas pela enxurrada do cansaço, amor. E isso é tão triste!

Ela me disse, com os olhos molhados, mas não chorava. Não por fora. Era por dentro que doía mais. E era para dentro que ela tentava colocar toda aquela fumaça que tragava tão lentamente. O lápis, que ela uma vez me dera, jazia pesado no meu bolso.

Fuel

Eis que aqueles enormes e pesados cachos flamejantes invadiram seu sono novamente.

Ela fumava, como sempre. Eu olhava fixamente para a sua boca. Seus volumosos lábios deliciosamente pintados de vermelho. A cor do desejo, pensei com um meio sorriso no rosto. E como era grande o meu desejo por aqueles lábios vermelhos que manchavam com displicência o cigarro branco.
Ela colocou o cigarro entre os dedos e deu uma tragada longa, como se suspirasse, enquanto olhava fixamente para mim com os olhos de gata. Um gato arisco. Acompanhei o movimento da mão enquanto ela baixava o cigarro. A pele levemente amorenada e as unhas cuidadosamente pintadas de vermelho escuro. Segui as curvas de seu corpo até o encontro de olhares. Ela sorria e nesse sorriso eu me afundava. Queria sentir seu gosto novamente, provar mais uma vez a textura dos lábios veludosos. Queria tirar-lhe todo o batom com a minha boca. Despir todo aquele vermelho e sentir o mundo desabar sobre nossas cabeças.
Ela se fazia distante, indiferente, mas no fundo ela sabia que me queria tanto quanto eu a queria. E no final da noite, o calor dos corpos embalados por um solo de guitarra transformavam todo o resto em resto.

domingo, 28 de agosto de 2011

Se puder, sem medo



Se o adeus demora a dor no coração se expande
... deixa a dor que eu lhe causei agora é toda minha
Deixa tudo que eu não disse mas você sabia
Deixa o que você calou e eu tanto precisava
Deixa o que era inexistente e eu pensei que havia
Deixa tudo o que eu pedia mas pensei que dava.

terça-feira, 23 de agosto de 2011


"Tomara que a gente não desista de ser quem é por nada nem ninguém deste mundo. Que a gente reconheça o poder do outro sem esquecer do nosso. Que as mentiras alheias não confundam as nossas verdades, mesmo que as mentiras e as verdades sejam impermanentes. Que friagem nenhuma seja capaz de encabular o nosso calor mais bonito. Que, mesmo quando estivermos doendo, não percamos de vista nem de sonho a ideia da alegria. Tomara que apesar dos apesares todos, a gente continue tendo valentia suficiente para não abrir mão de se sentir feliz."
- Caio F. 

domingo, 21 de agosto de 2011

Sweet dreams


Sweet dreams are made of these
Who am I to disagree?
Travel the world and the seven seas
Everybody's looking for something

Dia dos pais.

- Você sente falta dele? - perguntou Isabel.
- Não. - respondeu Lorena, fazendo certo ar de desprezo.
- E você, Laura?
- Não. - respondi sem pensar. Mas ao perceber a rapidez de tal resposta, parei para pensar realmente qual era a resposta. Fechei os olhos e procurei vestígios da falta, da ausência que ele fazia. Procurei pensar em como sua ausência atrapalhava de alguma forma a minha vida. Não encontrei nada. As lembranças existiam, mas eram como fotografias apenas, guardadas à muito numa caixa. Aquele tipo de lembrança que fica esquecida em algum lugar do armário, da mente. Não, ele não fazia falta. E o quão triste era isso? Olhou para Lorena, que se encontrava completamente entretida em trocar mensagens pelo celular com uma de suas amigas. Está crescendo, pensei. Insistia em dizer que não era criança mais. Ela não faz nem ideia do quanto isso custa, pensei com um pouco de pesar. Ela nem deve se lembrar tanto da época que ele vivia conosco. Pensei na falta de uma referencia masculina para ela e em que isso poderia ser importante no seu crescimento. Pelo menos ela já sabe que nada dura para sempre, pensei rindo comigo mesma. Depois olhei para Isabel, o melhor exemplo que qualquer um poderia ter para se tornar alguém. Não, nada faltaria, para minha irmã ou para mim.

domingo, 7 de agosto de 2011

Breakdown


All the people in the streets
Walk as fast as their feet can take ´em
I just roll through town
And though my windows got a view
Well the frame i´m looking through
Seems to have no concern for now
So for now
- Jack Johnson

sábado, 6 de agosto de 2011

Qualquer dose de...

Enquanto ela ouvia a rouca voz de Janis que dizia "What else, what else is there to do?", algo dentro de si desmoronava. Talvez seja o animo, ou talvez ela tenha percebido que já não havia mais nada que lhe impedisse se ir embora.
Estava cansada.
Suspirou, deu de ombros e virou as costas.

Tomou sua dose de absinto
e disse tudo o que tinha que para dizer, do jeito torto que sabia fazer.


"Sinto muito." 



domingo, 31 de julho de 2011

It's times like these


It's times like these
You learn to live again
It's times like these
You give and give again

It's times like these
You learn to love again
It's times like these
Time and time again
- Foo Fighters

"Mas não deixe eu sair por aquela porta. Mesmo que seja de mãos vazias. Eu não voltaria pra buscar nada. Porque na verdade, não ficaria nada para trás. Nem roupas, nem jóias. Nem amor. Nem lembranças. E isso vai doer que eu sei."
- Tati Bernardi
(É, nada ficou.) 

It's time to changes, my little girl blue.


E a mudança vinha no seu tempo, lenta e ao mesmo tempo tão rápida, a transformar seu ser. As paredes do quarto, a disposição dos móveis. O ventos contrários e o tempo perdido dando murros em ponta de faca. E a moça sabia que agosto lhe trazia uma necessidade de manter-se longe de tudo aquilo que lhe atrasava.

Momento de passagem.


"Minha vida é um grande desastre. É um desencontro cruel, é uma casa vazia. "
- Clarice Lispector

quinta-feira, 21 de julho de 2011


"Assim estendemos a mão para o caos furioso, apanhamos alguma coisa pequena e brilhante e nos agarramos a ela, dizendo para nós mesmos que ela tem significado, que o mundo é bom, que não somos a encarnação do mal e que no fim iremos para casa."

- Lestat, em A História do Ladrão de Corpos. 

Abra los ojos


Gostava de pensar que o negro de seus olhos escondiam seus segredos. Gostava de pensar que podiam olhar no fundo deles que só encontrariam brumas negras. Mas gostava também de quando o sol os tocava e eles se transformavam em chocolate. 
Quente, quase um sorriso. 
Estes olhos tais, ansiavam um encontro.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Fogaréu



"Sou um facho de luz na estrada clareando a madrugada,
acordando o sol
Vento soprando o clarão 
Vai, acende a escuridão alastrando o fogaréu
Sou chama desnorteada
 estrondo de trovoada,
ecoando no ar
Quando o sol some do céu
continua o fogaréu dentro do meu coração
Sou todo o calor da tarde entornando tempestade,
encharcando o chão"

- Lúdica Música

domingo, 3 de julho de 2011


Eu queria tanto ter fôlego suficiente para soprar de você toda essa dor que sentes...

sábado, 2 de julho de 2011

domingo, 26 de junho de 2011

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Amaciar dureza.



"E viveu uma semana,
era Ana, eram anos
quanta vida enclausurada nesse mundo tempo
era a cor dos seus cabelos,
tantos erros, tantos zelos
vida a passar os momentos deglutindo ventos


jornadas viu sob o luar
sonho de lua, vida de lua
por onde passou, sentiu o seu destino
despedaçado
atado, vidrado, trincado, cortado
seus vícios, seus mortos, seus caminhos tortos
na vida, amaciar dureza
na vida amaciar..."

- Graveola e o lixo Polifônico

Revira-ventos.


A flor, cansada, se jogou do topo da árvore. Ela ansiava pelo encontro fatal com o chão frio e sujo.
Mas em sua queda e vento lhe soprou e ela borboleteou até um suave pouso no chão.
O vento tirou-a para dançar e a salvara. A sensação da queda lhe foi tão incrível que esqueceu-se de seu propósito.
Foi pisoteada,
logo depois. 

Mas ela tinha conhecido a sensação da queda,
 ela voara, 
dançara com o vento. 
E tudo aquilo 
já lhe valera pela sua breve vida.


domingo, 19 de junho de 2011

L'amour ça ne va pas


   Ela não esperava nada daquela noite, mas se viu num abraço forte com ele. Não se conheciam, mas eram namorados de uma noite só. Caminhavam lento naquele jardim mal iluminado. Ele lhe deu uma flor. Ela lhe deu um beijo. A respiração dele no seu ouvido enquanto a mão dele tocava sutilmente seu cabelo. A assustadora sintonia. Olhos, boca e mãos, unidos só por uma noite. E cada parte dos corpos reconheciam o outro como se amassem. Ele era a salvação dela, e ela, a salvação dele. Mas só por uma noite. E ao fundo uma musica tocava...
L'amour, j'en veux pas
J'préfère de temps en temps
J'préfère le goût du vent
Le goût étrange et doux de la peau de mes amants
Mas l'amour, pas vraimente

terça-feira, 14 de junho de 2011

Canção de ninar


Certas coisas ficam gravadas na memoria, sem você perceber, um cheiro, uma sensação... ou ate mesmo aquela velha canção de ninar...

Estrelinha que reluz
A primeira que hoje vejo
Com seu brilho e sua luz
Realize meu desejo

E depois do seu pedido
Não descanse para esperar
Para que seu desejo se realize
Você tem que trabalhar

segunda-feira, 13 de junho de 2011

domingo, 12 de junho de 2011

Num livro ela leu:
“Eu quis tanto ser a tua paz, quis tanto que você fosse o meu encontro. Quis tanto dar, tanto receber. Quis precisar, sem exigências. E sem solicitações, aceitar o que me era dado. Sem ir além, compreende? Não queria pedir mais do que você tinha, assim como eu não daria mais do que dispunha.” (Caio F.)
Lembrou de uma pessoa e sorriu por isso. Caminhando, agora, finalmente estavam caminhando - e suspirou, quase com alívio.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

- Me dá um cigarro?

E ela lhe entregou um lápis.

(qualquer forma de vício, 
de válvula de escape.
Doía-lhe. Doíam.
"O que?"
"..."
O vazio sussurrava.)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Ana e eu.


"Andei pra chegar tão longe
Daqui de longe eu olhei pra tras
E foi como ver distante
Eu atravessando os meus temporais

Sonhei muito diferente
Eu bati de frente, corri atrás
E foi como se eu soubesse
Inverter o tempo e arriscar bem mais
Eu vi que era o meu destino
Eu me vi menino
Em outros que fiz, andei pra chegar mais longe
E de lá de longe me ver feliz
Andei pra valer a pena
Olhei pra trás pro que é meu
Nosso passado me acena pelo que foi já valeu."

- Lenine.
(para a mesma Ana, de Caio F.)
 

"..."


Eu li de Clarice Lispector "Perder-se tambem é caminho". As placas diziam: "perca-se, perca-se no caminho". E por muito tempo eu procurei me perder. E me perdi.
Me perdi e vaguei pelas ruas. Me perdi porque foi o que me tirou da dor. Por muito tempo eu quis não me importar e quando importava, me perdia, para esquecer. Me espalhei, não pensei, me abandonei.
Mas agora eu vejo, preciso me encontrar. Reter essencias para acabar com as reticências que fui largando por aí. E me encontro e penso e sonho. "Quero ser diferente, se não for, me farei.", escreveu Caio. É de fato, me farei. Vem aquele estranhamento no qual eu mergulho nos "quem sou eu" e "quem eu era". Mas vai tudo se encaixando. Vou me encontrando por aí. É tempo de encontrar, de pensar. De voltar a pensar
Com a fé inabalável, eu parti de encontro a mim.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Todos os caminhos.



"Por tudo que eu andei e o tanto que faltar,
 não dá pra se prever nem o futuro

O escuro que se vê quem sabe pode iluminar os corações perdidos sobre o muro 
E o certo é que eu não sei o que virá, 
Só posso te pedir que 
nunca se leve tão a serio, 
nunca se deixe levar,
que a vida,
a nossa vida passa e não há tempo pra desperdiçar."


- Lenine.

Delírios e dilemas.


    A madrugada corria lenta, puxando a todos para baixo, mas ela repetia ´não tenho sono. Estou completamente lúcida. Estou acesa.' Queria fazer barulho, mas não falava nada, só ficava andando de um lado para o outro procurando por problemas alheios para resolver, meio calada, meio falante. Prolixa, muito prolixa na fala e nem sempre condizente.
   Todos foram embora. Ficamos nós, as garrafas vazias e o silêncio. Ela fumava seu cigarro desesperadamente. Acendia um no outro, hora tão estatica que nem piscava, fixada em algum ponto do seu infinito particular com aqueles grandes olhos negros, para logo depois ficar tão hiperbolicamente inquieta que me irritava. Andava de um lado para outro da casa, olhando para todos os lados, com um traço de desespero nos olhos. Encostei-a na parede, tirei seu cigarro da mão e disse que estava bebada, que era melhor tomar um banho e ir dormir. Ela riu e disse com as exatas palavras de Caio F.: "me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída." E me beijou com força. Saiu, ligou o som e foi para o banho enquanto o som de guitarras rasgava a madrugada.
   Estava deitado quando ela voltou e se aconchegou no meu abraço. Dormiu por meia-hora, no maximo. Hora tremia de frio e se enrolava no cobertor, hora chutava-o para o chão, toda molhada de suor. Levantava e ia para a varanda fumar e bebia o café forte e amargo. Mas por dentro, ela sentia, nada esquentava.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Guerreiros são Guerreiros.


"Enquanto eu tiver chão sob os pés
Enquanto eu puder caminhar
Enquanto eu puder estar viva
Enquanto minha hora não chegar
Talvez eu não vença o tempo todo
E ainda posso até cair
Só quero manter minha alma forte
Erguer a cabeça e seguir"

- Pitty

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Never back down.

"Alzira bebendo vodka defronte da Torre Malakof
Descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole"

Parecia estar no olho do furacão. Noites mal dormidas, cabeça pesada, um turbilhão de pensamentos. Há quanto tempo não voltava para a casa? Não fazia a menor ideia. Perdeu-se. Em si e no mundo. Saiu de caminhada pensando nele e não voltara desde então. Garrafas vazias e cinzeiros cheios, anestesiava-se. Outra cidade, outras ruas, outros becos, outras camas que não a sua. A mesma mochila, o mesmo ar de cansaço, o mesmo gosto amargo na boca de mágoas e rancores que tentava, todos os dias, disfarçar com vodka e o mesmo ar denso nos pulmões.  As ruas lhe parecia mais estreitas que nunca, como se tentassem comprimi-la.
O sol ia se pondo. Ela estava sentada no meio fio de uma rua de pedras, tinha um garrafa nas mãos que lhe caiam pesadas entre as pernas, apoiando a garrafa no chão. Em cima daquela ladeira alta em que estava, ela observava o sol, avermelhado, que lentamente se punha no horizonte. Ficou pensando no que sobrara de sua vida, nos retalhos, nos cacos, "too small to matter, but big enough to cut her in to so many little pieces, if she tries to touch them" - e ela lembrou daquela música que tanto ouvia há tantos anos atrás, quando ele fora embora. Seu olhar perdia-se no horizonte enquanto ela pensava no que havia para trás.
Resolveu: tinha que ir alem. Tinha que alcançar aquele horizonte e de lá ter um novo horizonte como objetivo. Ela tinha que levantar e seguir em frente. E foi o que fez. Levantou-se, puxando a garrafa consigo e pendurando a mochila surrada nas costas. Ela não sabia o que encontraria, mas não importava. Não, não importa - pensava enquanto caminhava lentamente rumo ao horizonte tão longe. Também não importava a velocidade com que andava, contanto que nunca, nunca parasse.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Realidade irrita.


"A realidade é um bêbado jogado no chão, até que alguém bata na minha porta e prove o contrário. É a unha que descascou logo que você saiu do salão, toda feliz. É o barulho [insuportável] do telefone quando está descarregado. A realidade irrita. Irrita porque está ali na sua cara e muitas vezes você não quer ver ou vê coisas que não condizem com a sua concepção de realidade. Porque querendo ou não, a realidade é carne crua. Tem dias que eu visto minha fantasia de otária. Não é nada além de um kit composto de um sorriso de largura 7 cm e um olhar como se alguém tivesse jogado um tubinho de purpurina em você. Aquela coisa meio.. ãmn.. hiperbolicamente brilhante. E quer saber? É uma bosta. Dá vontade de mandar meia dúzia de gente tomar no cu e correr pra casa chorando, se trancar no quarto pra tomar um toddy e jogar nintendo até ficar vesga. Isso de escolher qual cara eu vou vestir hoje fode com tudo. Sempre. Entenda. Pego ônibus as sete e dez e digo olá-árvores. Olá-pássaros. Olá-universitário-que-não-lavou-o-rosto-… E por aí vai, aquele jogo de sorrisos. O dia todo. Todos os dias. O ônibus que eu pego está sempre lotado de seres que moram em um mundo onde aparentemente não se vende desodorante. A escola está numa velocidade dez quilômetros por ano. Minha sobrancelha está mal feita. É, eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar. (...) Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me seqüestre de uma vez. (...) Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia."
- Caio F, 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Manhãs.

Eu tinha, na minha cabeça, uma manhã tão bonita com você. Mas então perdeu-se. As palavras, os cheiros, os sons, o sol chegando de mansinho, esquentando minhas costas. Ficaram, talvez, as cores. Um sorriso bonito, seu, meu. Não daqueles do cotidiano, que a gente veste antes de sair de casa, mas daqueles sorrisos pra gente.

Eu costumo acordar antes, sempre antes. Mas dessa vez eu acordei com você me abraçando. Estava frio e o sol sonolento ainda estava sufocado atrás das nuvens. Me aconcheguei nesses seus braços que me envolviam forte e suspirei. Você beijou minha testa então. Naquele momento eu queria você para mim. Queria seus braços, seus abraços abrigos, afagos, beijos, pele, cheiro, textura. Queria manhãs de sol e tambem de chuva, com você. Queria café da manhã improvisado e riso leve pela manha. Queria porres e fogo a noite. De você, eu queria tudo, menos o coração. Mal dava conta do meu.

Me lembro que senti uma vontade absurda de ir embora, mesmo depois disso. E fui. Fui embora e fiquei pensando numa outra manha amarelada de sol no qual a vontade de ir embora não veio e eu não fui.

"Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, nenhuma carga me fará baixar a cabeça. Quero ser diferente, eu sou, e se não for, me farei."
- Caio F.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Uma pequena Teoria"



"As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céreos, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.
No meu ramo de atividade, faço questão de notá-las."

- Morte, em A Menina que Roubava Livros

quarta-feira, 27 de abril de 2011

E toma mais um gole de café amargo. (II)

O momento-quando fica para sempre gravado na memória, não é? 
Tinha feito seu caminho, crescido, mas aquela marca era para sempre. Um marco, uma divisão.

***
Ele olhava aquela menina sorridente e de olhos tristes. Quantos anos ela tinha? Sete? Treze? Era tão estranho o jeito de menina e o rosto de gente crescida... impossível saber, pensou.

- Já te contei da minha teoria dos corações inchados? - ela perguntou.
- Não. - ele respondeu rindo.
- É a seguinte: Einstein disse "A mente que se abre a uma nova ideia jamais volta ao seu tamanho original". A minha teoria é que um coração que se abre para um amor jamais volta ao seu tamanho original. Ele se expande, enche, incha, sabe? A "massa" aumenta... Mas aí a pessoa vai embora, mas o amor não.
- E o que acontece então? - perguntou com o rosto apagado, já não sorria mais.
- Aí a gente sofre mais do que um dia imaginamos que sofreríamos e o coração sente tal dor lancinante que parece falhar ao bater. Mas ele não retorna ao tamanho original, apesar de que a "massa" retorna ao seu valor inicial.
- Mas como?
- É que quando a pessoa vai embora, arranca um pedaço do nosso coração junto.

(Silêncio)

- Entendeu agora? O coração continua maior, inchado, mas vazio, esburacado, nunca mais para de sangrar.
- Nunca mais? Não cicatriza?
- Isso eu ainda não sei dizer. Queria poder dizer que sim. Quero. Espero. Mas a dor diminui e o sangue correndo passa a não ter tanta importância quanto no começo.  Mas isso também depende de você: enquanto você quiser sofrer, vai continuar sofrendo e a dor não diminui. Agora, quando você decide descer do muro e seguir em frente, chega um hora que só incomoda.

 (Silêncio)

Não era uma menina, afinal. Devia ter seus 19, pensou com um nó na garganta.

“Eu constantemente sinto saudade das coisas que perco, mas não as quero de volta. 
Já doeu uma vez.”
Caio F.

domingo, 17 de abril de 2011

Equilibristas (II)



Menina Lua, cá estou pensando mais uma vez na enorme saudade que sinto de você. Fico pensando em como as nossas almas se reconheceram, mesmo no silêncio, e que agora é tão fácil as coisas entre nós. Até os pensamentos vão de encontro um do outro.
- O mundo lá fora está desabando - ouvi alguém dizer. Talvez tenha sido essa voz dentro de mim que me deixa louca para fugir. E eu te disse: o mundo lá fora da desabando, o céu está caindo. Você sabia disso também, tinha ouvido de alguém, talvez essa voz dentro de você, que te pede fuga também. Você segurou minha mão, exatamente do jeito que eu precisava. E aí ficamos desse jeito, você me protege e eu te protejo. Por que o mundo estava desabando. As pessoas passavam pelas outras e não queriam mais conhecer a essência delas, não se reconheciam. As pessoas tinham perdido a esperança, mas nós não. Mesmo com o fim das emoções e o retalhar de corações, nós nunca perdemos a esperança. Nós não. Sempre vamos até o fim.
As pessoas estão indo embora, elas estão pisando naquelas coisas pequeninas que nos trazem a felicidade de modo repentino. E é tão triste para nós ver sendo pisoteadas todas essas coisas que tão atenciosamente tentamos manter a salvo.
Mas vamos seguindo assim, tateando, no escuro, de mãos dadas. Por que sempre tentaremos até o fim, até quando todas as outras pessoas perdem a esperança.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A fé solúvel-


"A razão é como uma equação de matemática... 
Tira a prática
de sermos... um pouco mais de nós!

Que o teu afeto me afetou é fato
Agora faça me um favor"

O Teatro Mágico

Embalada pela saudade...

... que após cada encontro, aumenta.

Te amo pra caralho, olhos negros.
Que a nossa amizade possa se perpetuar para além dessa realidade.

terça-feira, 12 de abril de 2011

On fire



- Fogo… fogo…fogo. - ele sussurrou enquanto nos beijávamos.
- O que? - perguntei.
- Você.
- Eu?
- É, você. Você é fogo puro.



domingo, 10 de abril de 2011


(...)Nos vimos e você me deu aquele abraço abrigo. Único momento no qual eu inspiro e o ar de fato preenche meus pulmões, como se eu passasse muito tempo de baixo d’água e você me puxasse para fora. (...)

Pe-da-ços



Eu soprei, tu sopraste, ele soprou...
E o dente de leão se desfez na minha frente. Foi assim, meio de repente. Eu via um monte de pedaços de mim dançando com o vento. Um caos. E o que sobrou? Raspas, restos e caos. Eu olhei para os lados, procurei um cais, não havia nada.
Everybody leaves, pensei comigo segurando a haste fina e feia que sobrara.

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Numbing the pain for a while
 will make it worse when you finally feel it"

Dumbledore.

domingo, 3 de abril de 2011

Refrão de Bolero


"Mas eu falei nem pensar
Coração na mão
Como um refrão de um bolero
Eu fui sincero como não se pode ser

E um erro assim, tão vulgar
Nos persegue a noite inteira
E quando acaba a bebedeira
Ele consegue nos achar"

Engenheiros do Hawaii

segunda-feira, 28 de março de 2011

Dois Olhos Negros

I want so bad to easy the pain hidden in your dark eyes.


Uma velha senhora ouvia com total desaprovação o som tão alto que saía dos fones de ouvido daquela menina sentada no final do vagão.

Pantera no volume máximo tocava nos seus ouvidos para não ouvir os pensamentos, para alimentar o fogo da raiva que crescia em seu peito. Queria falar tanta coisa para ele, mas do que adiantaria? Ele continuaria longe, desgastando mais e mais os restos dos laços familiares que ainda restavam. O som enfurecido de guitarras e baterias a dominariam de tal maneira que chegaria em casa com um sorriso nos lábios, como se nada tivesse acontecido. Não entendera até então por que fez a estupidez de atender aquele telefonema. Estava tão longe de casa! Talvez tenha sido por isso... Eu só queria que ele fossem homem e respondesse pelos seus atos. Mas isso era querer de mais dele, e de um monte de outras pessoas.
Seus olhos estavam fechados. Segurava mágoas e palavras.

***

Sentiu o telefone tocando no bolso e pensou em não atender até ver quem era. Era ele, não tava legal, mas sempre de bom humor. Um destino, pensou. Vou praí te ver,  ela disse, como tantas vezes ele havia falado para ela.
Aquele sorriso no rosto e tanta tristeza no olhar! Desesperador. Sentiu dor em sua alma e sem palavras alguma, abraçou-o com tanta força quanto possível, como se quisesse absorvê-lo, ou absorver tudo aquilo que atormentava aqueles olhos negros dele.

quarta-feira, 23 de março de 2011

"Você está bem?"

Eu estava calada havia um bom tempo enquanto fitava o copo em minhas mãos. Estava imóvel, sentada ao lado dele. Não me lembro quando o silêncio tinha começado, mas sei que era do tipo de silêncio confortável, que eu tanto gostava. Ele devia saber que havia algo errado, porque aquela noite eu estava simplesmente cansada demais. Falei pouco, sorri ainda menos, mesmo com o copo sempre cheio em mãos. Mas ele não falou nada por um bom tempo. Ficou ali, me fazendo companhia no meu silêncio. Talvez soubesse que se perguntasse algo, eu fraquejaria a ponto de falar que não estava bem. Assim pensava, pelo menos, porque algum tempo depois veio a pergunta.
"Você está bem?"
Eu sorri nesta hora - o tipo de sorriso que não se estende aos olhos - e suspirei, porque eu sabia o que ele estava fazendo. Queria me dar um alivio, fazer eu colocar para fora aquilo que pesava tanto dentro de mim. Me fazer vomitar um testamento de palavras embargadas em lágrimas, mostrar a cara, o coração em carne viva e o peito ardido. Me abraçar enquanto eu chorava até a camisa dele ficar molhada das minhas lágrimas.
Ou pelo menos era isso o que eu queria que ele fizesse, enquanto não havia nada ali, só dessas perguntas que a gente faz, mas não quer saber a resposta de verdade. Mas quando a lua ta minguando e as coisas começam a ficar pesadas, a gente vai criando coisas na nossa cabeça. Um monte de castelos de areia, que quando a gente abre os olhos só vê a areia lisa da praia, de onde as ondas acabaram de bater.
Eu queria que fosse isso, eu queria um colo. Queria responder "Não, não to bem." E contar o que tem me atormentado, o que tem me feito ter sonhos ruins e acordar com o peito doendo. Contar que meu peito estava doendo pra caralho, que minha cabeça tava cheia e meu coração apertado. Eu queria falar tudo e desafrouxar esse nó da minha garganta.
Mas na hora eu só segui o cliché: "- To sempre bem." Foi essas palavras que saíram da minha boca, enquanto meus olhos diziam tudo isso que eu queria dizer. E o diziam para os olhos negros dele. Aqueles olhos que sempre entenderam os que os meus - igualmente negros - diziam.

segunda-feira, 21 de março de 2011


"E se você quiser e vier
Pro que der e vier comigo
Eu posso ser o seu abrigo
Mas e se você não quiser
Me nego à todo e qualquer castigo.
Mas só quero que saiba, meu bem:
Te levo sempre comigo…"

domingo, 20 de março de 2011



"Joel, I’m not a concept. I want you to just keep that in your head. Too many guys think I’m a concept or I complete them or I’m going to make them alive, but I’m just a fucked-up girl who is looking for my own peace of mind.”
— Clementine (Eternal sunshine of the spotless mind)

sexta-feira, 18 de março de 2011

segunda-feira, 14 de março de 2011

“Cada minuto que passa é uma chance de mudar tudo."

Ela repetia para si, em sua cabeça, sem pausa, como um mantra. E pedia, implorava: “Céus! Dê-me um minuto!” Mas o que lhe faltava era coragem. Coragem de deixar ir embora. Coragem de virar as costas e aceitar cair no precipício da solidão. Coragem para abraçar tal sensação. Estou só. Sim, ela estava só, mas precisava aceitar a dor da colisão com o chão, pois já estava em queda há muito tempo.


Cada minuto que passa é uma chance de mudar tudo.Cada minuto que passa é uma chance de mudar tudo.Cada minuto que passa é uma chance de mudar tudo..." Repetia enquanto olhava para o vão abaixo de seus pés.

sexta-feira, 4 de março de 2011


"...The things that I've loved the things that I've lost
The things I've held sacred that I've dropped
I won't lie no more you can bet
I don't want to learn what I'll need..."

Indo embora.

"E não é a dor que me entristece
É não ter uma saída nem medida na paixão..."





Eles se abraçaram. Um abraço forte, apaixonado, cheio de cheiros, sabores e dores. Um pequenina lágrima escorreu do olho dela enquanto mergulhava nos braços dele. Enxugou-a antes que ele percebesse e se soltou do abraço. Sorriu um sorriso triste aos olhar nos olhos dele e desviou o olhar para o chão. Ele, que acabara de perceber que havia algo errado, levantou com delicadeza o queixo dela.
No momento em que seus olhos se encontraram, ele sentiu um tiro atingir seu coração. A dor foi tão aguda que perdeu o compasso da respiração. Ela viu a dor nos olhos dele e sentiu mais um rasgo em seu coração. Mas ela tinha que ser forte. Afastou-se e suspirou, disse um “a gente se vê” sem a menor convicção, pois ambos sabiam que era mentira, e foi embora.

Ela estava indo embora. Porque por mais que doesse, por maior que fosse o rasgo em seu coração ela queria sentir-se inteira novamente, por mais que naquele momento ela soubesse que jamais poderia sentir-se inteira sem tê-lo. Mas ela queria tanto se refazer! Queria seguir enfrente. Queria poder olhar para trás e sorrir com as lembranças. Todos aqueles encontros e telefonemas, por mais que esperasse todos eles ansiosamente, a faziam mal, a machucavam e ela estava ciente disso. Ele tinha mudado, já não era mais a pessoa com quem dividira-se por tanto tempo, ele estava seguindo outro caminho, uma caminho diferente daquele que seguiam juntos, enquanto ela continuava no mesmo caminho. E era esse o problema. Percebera que continuava a viver um “nós” que não existia mais. Ela precisava seguir o seu caminho agora, seguir seus sonhos, encontrar qualquer forma de felicidade que não dependesse de outra pessoa, que não dependesse dele. Afinal, ela tentara. Fez o que podia para tê-lo de volta, mas há certas coisa que se pode passar por cima e tanto ela quanto ele sabiam disso. Ela sentia um peso enorme em suas costas ao tomar tal decisão, mas simplesmente não aguentava mais viver aquela meia vida que girava em torno dele. Agora, ela queria chorar, queria correr de volta e abraçá-lo, dizer que o amava, que o amaria para sempre. Queria sentar debaixo de uma árvore e desistir de lutar com o mundo para achar seu lugar. Queria que ele a aconchegasse em um abraço apertado, seu abraço confessionário, abraço abrigo, e chorar até que parasse de doer. Queria muitas coisas que sabia que não podia. Não podia, porque sacrifícios são necessários para se vencer a guerra e ela iria atrás de seus sonhos. Agora ela caminhava de coração latejante e um enorme nó na garganta, mas seguia o seu caminho. Por mais que doesse, ela estava indo embora.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A força de dentro

"Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários."

Caio Fernando Abreu 

sábado, 19 de fevereiro de 2011

3X4


"Não fique pela metade
Vá em frente, minha amiga
Destrua a razão
Desse beco sem saída"

- Engenheiros do Hawaii

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

"Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena acreditar no sonho que se tem"

E quando as coisas te puxam pra baixo, quando todos a sua volta dizem pra você desistir, que não vai dar certo, "é bobagem, esquece", eu me agarro ainda mais aos meus sonhos.
Muito antes de saber que isso era uma música minha mãe o dizia pra mim. Correr atrás dos meus sonhos é o que faço desde sempre. Estou no caminho.

Força e coragem, sempre.




"Pois paz sem voz, 
não é paz, é medo."

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

E no final é só escombros...

Dos quais eu me levanto, limpo a poeira e continuo meu caminho.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Há quanto tempo... (?)

Pra falar verdade, não muito. Mas a gente finge que foi há muito tempo que não se sentia isso. A gente finge que nem lembra qual foi a última vez que isso se fez presente.
 O estômago retorce, os pulmões se comprimem. Eu não consigo pensar em outra coisa. Na verdade consigo - e penso. Penso em um monte de outras coisas, todas elas que me deixam mais e mais desesperada por paz, ar, sossego ou quem sabe uma boa noite de sono.
Podia muito bem ser um soco no estômago, mas não é. É alguém enfiando o dedo na minha ferida. Quem? Eu. Por que? Não há um por quê. Eu simplesmente ando pensando demais nas coisas. E aí vem aquela assombrosa revelação para mim mesma: a ferida continua aberta. Menor, menos exposta, cicatrizando (?), mas ainda ali, ainda aberta. Aí eu penso: só se pode cuidar de uma ferida se ela ainda está aberta, certo? E continuo pensando, surpresa por estar sentindo essas coisas. Surpresa simplesmente por estar sen-tin-do.
Fui naquele lugar, cheio de pessoas que não conheço. Fui, resolvi o que tinha que fazer, mas no caminho de volta parei. Parei, olhei para os lados, o coração batendo forte. Percebi que estava correndo. Percebi que estava fugindo. Respirei fundo, voltei. Me sentei num bar, pedi uma cerveja e um cigarro. Fiquei ali por um tempo, sentada, pensando nas coisas. Pensando nos "por quê's". Pensando nas rotas, nos rumos. Nas possibilidades. Pensando no que passou (e foi na parte em que eu mais me demorei). Pensando no que estava acontecendo. Daí já eram mais duas cervejas e mais algumas pontas. Pensando no quanto eu queria me livrar do que passou, e no quão ruim isso era. Pensei mais uma vez em ir embora e mais uma vez resolvi que não iria. Pensei nas outras coisas que me angustiavam, que levaram até ali: um "adeus" há anos atrás, que disseram, viraria um "até logo"; um resultado ansiosamente esperado; um caminho que eu teria que deixar; um fogo apagado que se reacendeu.
Um pensamento levava à outro num fluxo inconstante. Ainda eram pensamentos inacabados. Não chegara a hora de me sentar no meio deles e avaliar, entender e concluir cada um. Talvez por que eu não quisesse ainda.
Era como se eu estivesse andando em um corredor cheio de fotos, portas aberta com lembranças, portas trancadas (as chaves retiniam no meu bolso). Mas não havia luz alguma no fim desse túnel. Era escuro, quente e abafado.
Quando dei por mim, escurecia. Pra quem disse que já estava voltando... Sorri. Um sorriso que não se estendia aos olhos, muito menos ao coração.

sábado, 29 de janeiro de 2011

"As nuvens tinham escurecido completamente. Agora, pensou apertando a mão, agora vem uma ventania, um trovão, um raio,depois começa a chover."

Caio F.

Noisy thoughts

Estava bêbada. Naquele dia, tinha bebido porque não queria pensar demais em certas coisas. Se possível não queria nem pensar. A cabeça estava um caos. Um amontoado de pensamentos sem conclusão, fragmentos, cacos, afiados.
Ria com alguém mas nem sabia o porquê. Só ria. Mantinha uma distância desse amontoado. Como se tivesse jogado um manto denso e negro sobre eles. Eles pesavam em sua cabeça, cada pedaço do seu corpo tinha plena consciência de que eles estavam ali e uma hora iriam explodir. Uma hora teria que sentar no meio de toda aquela bagunça e rever um por um, como se olha fotografias antigas. O copo cheio sempre em mãos. Pedira para ele "Por favor, não deixe meu copo vazio hoje, pelos Céus, não deixe!" Qualquer coisa servia aquela noite, só precisava de álcool e barulho nos ouvidos. E foi passando a noite assim, na superfície. Tropeçando e tentando se equilibrar sobre a linha tênue que a separava de todos aqueles pensamentos. Quase não ficara com ele, como se o contato com a pele dele fosse trazer a tona o que estava tentando fingir que não existia. Thoughts.

Já era quase manhã, a maioria das pessoas dormia, ou se enfiara em algum lugar com outro alguém. O álcool estava acabando. Droga. O peito apertava, respirava rápido, como se estivesse cansada. Correu para a sacada. Precisava de ar.
Ele foi atrás dela. Você tá legal?
Ela sorriu um sorriso que não estendia aos olhos. Tô.
Não, você não tá legal. Pára de fingir, você fez isso a noite toda.
Ela só olhava para o céu, estava ficando claro. E ouviu a música que começava a tocar.
(...)

sábado, 15 de janeiro de 2011

Just feel it.

Deixou a janela aberta ao sair de casa, pelo mesmo motivo que esquecera de levar o casaco. Mas a medida que escurecia, esfriava. Até que começou a chover. Por algumas horas a chuva era fina, sempre persistente, caindo com determinação infantil. Ela tremia de frio. Mas a chuva aumentou e o que ela fez foi correr para debaixo dela. Sentí-la de verdade. Viver o ali, o agora. Sentiu sua pele arrepiar, as gotas de chuva caindo como balas em seus ombros, atravessando o tecido das roupas, chegando até sua pele. Soltou os cabelos e em poucos instantes viu a água escorrendo dos fios. O frio a fazia arfar. O barulho da chuva enchia seus ouvidos. E ali, no meio da rua vazia, debaixo da chuva densa, ela ria.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Onde está o Alívio Imediato?


O melhor esconderijo, a maior escuridão
Já não servem de abrigo, já não dão proteção

Engenheiros do Hawaii - Alívio Imediato