Eu não me importo com o sangue no chão. Nem com a mancha vermelha no braço do sofá. A colcha de chenille que cobria a poltrona já deixou de ser importante há tempos... E o tapete com cheiro de chá mate também...
O que está feito está feito. Não se pode trazer de volta alguém que escolheu se atirar num abismo, nem mesmo se esse alguém for eu mesma. Não. Qualquer contato pele-pele me suprimia e traziam lágrimas aos olhos.
Não, eu não me importo mais... O sangue espesso e fresco, a mancha escura no sofá e a colcha de chenile... Não era pra ser assim, mas não quero limpar a bangunça de outra pessoa, não importa se o sangue é meu, não fui eu quem causou tal derramamento, tal desatino. Não me importa se o sofá era meu e o vinho era presente, não foi eu quem derramou. Não me importa se a poltrona era a minha preferida e a colcha o meu conforto... Oh Céus! Que o meu cadáver apodreça enquanto as minhas feridas continuarem em carne viva, vermelha e flamejante. A dor é minha, só minha, mas não a espada dilacerante.
Jessica Machado.
Listening: Interview With A Vampire's Soundrack
Nenhum comentário:
Postar um comentário