quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Supremassive Black Hole


Eu não me importo com o sangue no chão. Nem com a mancha vermelha no braço do sofá. A colcha de chenille que cobria a poltrona já deixou de ser importante há tempos... E o tapete com cheiro de chá mate também...
O que está feito está feito. Não se pode trazer de volta alguém que escolheu se atirar num abismo, nem mesmo se esse alguém for eu mesma.

Do que adianta sentir (Oh Deuses!), se sentir só traz dor?! Alucinante dor. Rasga minha alma ao meio, me parte em tantos pedaços quanto possíveis, me dilacera, me abre um enorme e supremassivo buraco no peito. As bordas carcomidas, vermelhas, latejantes e a carne à mostra para os malditos abutres.

 "Racionalmente, eu sabia que meus pulmões ainda estavam intactos, e no entanto eu arfava e a minha cabeça girava como se meus esforços não dessem de nada".

Não. Qualquer contato pele-pele me suprimia e traziam lágrimas aos olhos.

Malditas lágrimas. Ousadas e infiéis, subiam-me nos olhos, queimavam-me o rosto e mostravam o sangue sempre gotejante das feridas abertas.

Não, eu não me importo mais... O sangue espesso e fresco, a mancha escura no sofá e a colcha de chenile... Não era pra ser assim, mas não quero limpar a bangunça de outra pessoa, não importa se o sangue é meu, não fui eu quem causou tal derramamento, tal desatino. Não me importa se o sofá era meu e o vinho era presente, não foi eu quem derramou. Não me importa se a poltrona era a minha preferida e a colcha o meu conforto... Oh Céus! Que o meu cadáver apodreça enquanto as minhas feridas continuarem em carne viva, vermelha e flamejante. A dor é minha, só minha, mas não a espada dilacerante.

Jessica Machado.

Listening: Interview With A Vampire's Soundrack 

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