terça-feira, 31 de agosto de 2010

Lenine.

"Falível, transitório, transitivo;
Efêmero, fugaz e passageiro
Eis aqui um vivo, eis aqui um vivo!
Impuro, imperfeito, impermanente;
Incerto, incompleto, inconstante;
Instável, variável, defectivo
Eis aqui um vivo, eis aqui...
Não satisfeito nunca, não contente;
Não acabado, não definitivo
Eis aqui um vivo, eis-me aqui."

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

"Qualquer tipo de felicidade se baseia em cigarros e litros de vodka. Sempre mentira. Sempre com culpa."
Ariane Carreira

domingo, 29 de agosto de 2010

Nem só de farsa vive o poeta. Mas vive delas tambem.

"Se falta amor, eu tenho muito."
Ela dizia enquanto fumava seu cigarro desdenhosamente.

Antiguidades fora do contexto.

(...)Eu mudei, mas mudei de mais. Acho que no meio do caminho perdi coisas importantes. Perdi meu silêncio tambem. Não consigo achar meu "eu" e mergulhar nele como tanto fazia antes. Costumava sofrer menos.
Penso de mais. Penso de menos. Estou e não estou. Sou e não sou.
 
Agora quero gritar para alem do mundo o que sinto e não sinto. Quero gritar pra ser livre. Quero gritar, mas gritar no meu silencio.
Não é um grito comum. É uma grito vibrante. É um grito não grito. É um suspiro de alivio.(...)

sábado, 28 de agosto de 2010

Paixão.

Ele parecia viver num mundo paralelo, só dele.
Atrás de todo o metal, perdia-se enquanto batia suas baquetas.
Os olhos doces atrás de todo o movimento agressivo formavam um paradoxo absolutamente irresistível a ela. Tinha um sorriso abismoso nas redondezas, mas foi ignorado por causa da força de atração daquele olhar tão doce.
Ela não desviou o olhar um momento sequer, mas ele não a viu.
Quando viu desajeitou-se, perdeu o fio da meada ao trocar de baquetas. O erro foi sutil, ninguém viu. Mas ele sabia e ela também.
Não sabia o por quê de toda aquela força de atração, mas ao vê-lo ali, num sorriso de verdade, com aqueles olhos distantes e incrivelmente doces, ela percebeu que tinha amor pra dar. A vontade de abraça-lo era imensa.
Ao deixar as baquetas de lado, sorriu pra ela. Era um convite.
Ela riu e ele desviou os olhos para alguém que o chamava.
Ao virar, ele viu o vento soprando no lenço que ela tinha no cabelo.
Estava indo embora.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

"Ah, diz quantos desastres tem na minha mão"

Nós dois sabíamos que, por mais que fingíssemos, não ia acabar bem.
Penso em nossa tentativa malfadada enquanto vagueio pelas ruas escuras. Imagino você fumando aquele cigarro terrível enquanto toma o café que fiz pra você. Sempre faltava açúcar.

Veja só, sou a mesma de antes, nenhum fio solto.
 A mesma individualista que só quer se aproveitar de você. E você sabia disso desde o começo. Mas fingir é melhor, eu concordo. A verdade é crua e feia demais, por isso mentimos, até pra nós mesmos.

Nas mãos, uma garrafa e mais um desastre.

"Oh it's hard to resist on a night like this."

O apartamento estava em completa desordem por causa da noite anterior. Copos, garrafas e pontas de cigarro se espalhavam por todos os lados.
Sentia sua cabeça em igual desordem. E em igual estado de solidão.
A casa estava vazia, de janelas fechadas. Mandara todo mundo embora pela manha, mesmo aqueles que, de muita má vontade, se ofereceram para ajudar a arrumar. Já anoitecia e a unica luz acesa era a da cozinha.
Não lembrava muito da noite anterior, mas um maldito olhar ecova como som na mente agitada.
Não tinha a menor vontade de arrumar as coisas, não ainda. Sabia que o desanimo se estendia à bagunça mental.
Ouvia o celular vibrar sobre a comoda do quarto.
Não importa... não agora.
Permaneceu num estado letargico durante os minutos seguintes até ouvir a campainha.
Pelo olho mágico viu um belo rosto marcado pela preocupação. Encostou a testa no porta, como nos filmes, e respirou fundo. A campainha volta a tocar, ecoando na cabeça dolorida.
Recuou, abriu um vinho, colocou numa taça e bem baixinho, colocou Devotchka pra tocar. Apagou a luz da cozinha e abandonou-se no chão.
A cabeça latejava. Encostou a taça de vinho na testa e sentiu o contraste contra a sua pele quente demais.
Droga.
Correu e abriu a porta.
Ela ainda estava lá. Fumando seu cigarro favorito, com o batom vermelho de sempre.

'And you already know. Yeah, you already know how this will end.'

domingo, 22 de agosto de 2010

Demon's eye

Tocava Deep Purple em algum lugar. Acho que era na minha cabeça explodida.
Tocava Deep Purple e eu só danço solos de guitarra. E a dança me embala, meu bem. A dança e o alcool me embalam noite afora. Noite afora e desastre adentro.

sábado, 21 de agosto de 2010

Criminal

Era um garoto. Mas não era só um garoto.
Não era meu, nem dele mesmo.
Mas o problema, meu querido, é que eu já quase não ouço meu coração batendo já faz muito tempo. E pior é que eu nem sei se quero ouvir ele novamente.

Ressaca moral. Sempre tem dessas que parecem nunca passar.
Mas sim, eu respondo pelos meus atos, só não espere que eu os justifique.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010


Parecia se exibir para a solidão. O ar cansado, como se estivesse entediada de tudo, mas de olhar selvagem.
Sentei-me ao seu lado e ela me passou o cigarro que fumava como se fossemos conhecidas de tempos.
Aceitei.
O cigarro estava manchado de batom vermelho.
Traguei demoradamente o cigarro voluptuoso, desejando o batom de seus lábios. Ela olhou e de faísca fez-se explosão.
Estava muito quente e barulhento dentro da casa.
Ela segurou minha mão com firmeza e me levou para a noite fria.
Não havia Lua aquele dia e as luzes de fora estavam apagadas. Nada podia ser visto e eu, cega, aceitei a textura de seu batom nos lábios.
Não havia palavras, só o toque suave e voraz de nossas peles na noite escura.
Não havia ninguém para ver o contraste dos cabelos vermelhos.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010


"(...) Se desmorono ou edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou se passo."

Cecília Meireles