quinta-feira, 19 de maio de 2011

Guerreiros são Guerreiros.


"Enquanto eu tiver chão sob os pés
Enquanto eu puder caminhar
Enquanto eu puder estar viva
Enquanto minha hora não chegar
Talvez eu não vença o tempo todo
E ainda posso até cair
Só quero manter minha alma forte
Erguer a cabeça e seguir"

- Pitty

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Never back down.

"Alzira bebendo vodka defronte da Torre Malakof
Descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole"

Parecia estar no olho do furacão. Noites mal dormidas, cabeça pesada, um turbilhão de pensamentos. Há quanto tempo não voltava para a casa? Não fazia a menor ideia. Perdeu-se. Em si e no mundo. Saiu de caminhada pensando nele e não voltara desde então. Garrafas vazias e cinzeiros cheios, anestesiava-se. Outra cidade, outras ruas, outros becos, outras camas que não a sua. A mesma mochila, o mesmo ar de cansaço, o mesmo gosto amargo na boca de mágoas e rancores que tentava, todos os dias, disfarçar com vodka e o mesmo ar denso nos pulmões.  As ruas lhe parecia mais estreitas que nunca, como se tentassem comprimi-la.
O sol ia se pondo. Ela estava sentada no meio fio de uma rua de pedras, tinha um garrafa nas mãos que lhe caiam pesadas entre as pernas, apoiando a garrafa no chão. Em cima daquela ladeira alta em que estava, ela observava o sol, avermelhado, que lentamente se punha no horizonte. Ficou pensando no que sobrara de sua vida, nos retalhos, nos cacos, "too small to matter, but big enough to cut her in to so many little pieces, if she tries to touch them" - e ela lembrou daquela música que tanto ouvia há tantos anos atrás, quando ele fora embora. Seu olhar perdia-se no horizonte enquanto ela pensava no que havia para trás.
Resolveu: tinha que ir alem. Tinha que alcançar aquele horizonte e de lá ter um novo horizonte como objetivo. Ela tinha que levantar e seguir em frente. E foi o que fez. Levantou-se, puxando a garrafa consigo e pendurando a mochila surrada nas costas. Ela não sabia o que encontraria, mas não importava. Não, não importa - pensava enquanto caminhava lentamente rumo ao horizonte tão longe. Também não importava a velocidade com que andava, contanto que nunca, nunca parasse.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Realidade irrita.


"A realidade é um bêbado jogado no chão, até que alguém bata na minha porta e prove o contrário. É a unha que descascou logo que você saiu do salão, toda feliz. É o barulho [insuportável] do telefone quando está descarregado. A realidade irrita. Irrita porque está ali na sua cara e muitas vezes você não quer ver ou vê coisas que não condizem com a sua concepção de realidade. Porque querendo ou não, a realidade é carne crua. Tem dias que eu visto minha fantasia de otária. Não é nada além de um kit composto de um sorriso de largura 7 cm e um olhar como se alguém tivesse jogado um tubinho de purpurina em você. Aquela coisa meio.. ãmn.. hiperbolicamente brilhante. E quer saber? É uma bosta. Dá vontade de mandar meia dúzia de gente tomar no cu e correr pra casa chorando, se trancar no quarto pra tomar um toddy e jogar nintendo até ficar vesga. Isso de escolher qual cara eu vou vestir hoje fode com tudo. Sempre. Entenda. Pego ônibus as sete e dez e digo olá-árvores. Olá-pássaros. Olá-universitário-que-não-lavou-o-rosto-… E por aí vai, aquele jogo de sorrisos. O dia todo. Todos os dias. O ônibus que eu pego está sempre lotado de seres que moram em um mundo onde aparentemente não se vende desodorante. A escola está numa velocidade dez quilômetros por ano. Minha sobrancelha está mal feita. É, eu confesso que não é exatamente a realidade que eu esperava encontrar. (...) Talvez isso mude. Talvez você entre na minha vida sem tocar a campainha e me seqüestre de uma vez. (...) Ou talvez eu só precise de férias, um porre e um novo amor. Porque no fundo eu sei que a realidade que eu sonhava afundou num copo de cachaça e virou utopia."
- Caio F, 

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Manhãs.

Eu tinha, na minha cabeça, uma manhã tão bonita com você. Mas então perdeu-se. As palavras, os cheiros, os sons, o sol chegando de mansinho, esquentando minhas costas. Ficaram, talvez, as cores. Um sorriso bonito, seu, meu. Não daqueles do cotidiano, que a gente veste antes de sair de casa, mas daqueles sorrisos pra gente.

Eu costumo acordar antes, sempre antes. Mas dessa vez eu acordei com você me abraçando. Estava frio e o sol sonolento ainda estava sufocado atrás das nuvens. Me aconcheguei nesses seus braços que me envolviam forte e suspirei. Você beijou minha testa então. Naquele momento eu queria você para mim. Queria seus braços, seus abraços abrigos, afagos, beijos, pele, cheiro, textura. Queria manhãs de sol e tambem de chuva, com você. Queria café da manhã improvisado e riso leve pela manha. Queria porres e fogo a noite. De você, eu queria tudo, menos o coração. Mal dava conta do meu.

Me lembro que senti uma vontade absurda de ir embora, mesmo depois disso. E fui. Fui embora e fiquei pensando numa outra manha amarelada de sol no qual a vontade de ir embora não veio e eu não fui.

"Nenhuma luta haverá jamais de me embrutecer, nenhum cotidiano será tão pesado a ponto de me esmagar, nenhuma carga me fará baixar a cabeça. Quero ser diferente, eu sou, e se não for, me farei."
- Caio F.