sábado, 25 de dezembro de 2010

O caos interior


Enquanto respiro, sufoco.
Em cada riso, um suspiro, um desejo.
Em cada encontro, a vontade de ir embora.
Enquanto escuto, grito.
Enquanto digo, rezo.

"Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso mas a outra metade é um vulcão"

Metade, Oswaldo Montenegro

Shhh

""Grite", ordenei-me quieta. "Grite", repeti-me inutilmente com um suspiro de profunda quietude. (...) Mas se eu gritasse uma só vez que fosse, talvez nunca mais pudesse parar. Se eu gritasse ninguém poderia fazer mais nada por mim; enquanto, se eu nunca revelar a minha carência, ninguém se assustará comigo e me ajudarão sem saber; mas só enquanto eu não assustar ninguém por ter saído dos regulamentos. Mas se souberem, assustam-se, nós que guardamos o grito em segredo inviolável.
C. Lispector, sempre dizendo por mim.


quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Desejos para o ano novo.

"Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez' "
Caio F.

É  de esperanças que se vive. Mesmo essas cinzas e aos pedaços. Essas coisas que a gente quer acreditar. Precisa acreditar. Vai que uma hora eu me convenço disso. Vai que uma hora isso acontece mesmo.
Ahh, essas doces esperanças, tão esmaecidas pelo tempo, mas sempre tão presentes.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Palhaçada


"Sou palhaço do circo sem futuro
Um sorriso pintado a noite inteira
O cinema do fogo
Numa tarde embalada de poeira

E a lona rasgada no alto
No globo os artistas da morte
E essa tragédia que é viver, e essa tragédia
Tanto amor que fere e cansa"

Cordel do Fogo Encantado

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

E o que fica?

Fui me tornando mais resistente à despedidas ao longo dos anos, mas hoje eu penso se aguentarei mais essa. Me despedir, depois de três anos, convivendo, todos os dias, na correria, passando apertos, amadurecendo, vivendo com vocês.




 




Hoje não é dia de meias palavras, não serei subjetiva e não haverá frases não entendíveis. Aqui é declarado o quanto amo vocês e não deixarei de amar.

Todos os dias de manha, quando o desejo de continuar na cama por mais algumas horas de sono quase gritava na minha cabeça, eu me levantava, saia com animo nenhum e lá estava vocês, na mesma vontade de ter ficado em casa, mas na mesma "alegria" de estar ali naquele lugar que tão carinhosamente apelidamos de inferno. Nosso inferno, eterno ceferninho.
Quando é que eu podia imaginar que aquela escola, que em pouco tempo se tornou a minha casa, me transfomaria mesmo.
Lembro até de alguem dizendo "sua cabeça vai mudar quando você entrar lá" e eu dizia "não, não vai". É, minha cabeça mudou, ainda bem. O cefet foi sim um dos fatores que mais me fizeram amadurecer. E vocês, turma mais foda de QUI e adjacentes fizeram parte disso. Porque ali nos entramos com a cabeça pequena e amadurecemos... na correria de todos os dias, seja vagabundando no protocolo (né Juh, Lah e Lalah), seja estudando desesperadamente de ultima hora (ou não) para provas absurdas e afins. Ali aprendemos que para todo ato nosso tem uma conseqüência e nos temos que arcar com elas.
Foram muitos momentos muito bons e outros tantos nem tanto, mas sempre juntos.
São lembranças que pretendo guardar pra sempre dentro de mim, assim como o que cada um de vocês me trouxe.
As colas absurdas nas provas de algumas materias (só algumas, claro), as divertidíssimas aulas do Caldeira Careca (alias, quem foram os vândalos que esvaziaram o pneu dele? xD), as aulas de educação sexual com nossa querida Flora... As atoisses na alzira, a guerra de balão d'agua e os piquiniques no campo, sanduQUIches e afins... A corrida desesperada para fugir da aula de Bio da louca vesga (e depois espancando ela, segundo a propria), seja dormindo proooooooofundamente nas aulas de corrosão, PI, OU e afins, a encheção de saco para adiar provas, relatórios e trabalhos, as desculpas pra tal... as façanhas de fazer 70mil coisas para a mesma semana, as noites no msn fazendo trabalho...

O mais importante é que dali eu vou levar mais do que um diploma de técnica em química, dali eu vou levar vocês. Eu vou levar a amizade, a confiança. A amizade que veio num abraço, numa lágrima, numa recuperação, num conflito, num ombro, num bar.

Não é aquela amizade que se resume em muita simpatia durante as aulas, não aquela que acaba quando as aulas acabam. É aquela que vai além. É aquela que larga tudo e vai comer panetone comigo quando o coração precisa de ajuda pra aguentar as coisas. É aquela que começa em leituras de blogs e se estende a infinitas confissões, abraços, mãos pequenas e opiniões parecidas (não é mesmo B1? xD). É aquela que a gente não lembra bem onde começou, mas sabe bem que não vai terminar, porque foi a que mais ensinou que  duas pessoas diferentes, com opinioes completamente diferentes, podem sim ter uma amizade que vai alem das  palavras, podem se tornar irmãs, perderem-se em abraços. É aquela que respeitas as diferenças de cada uma e a vontade de estar juntas, nos bons e nos maus momentos, cria uma laço tão grande que se torna inseparáveis. É também aquela que você acha que não existe, mas no momento que mais precisa, você descobre que está lá. É  aquela que você duvida, mas não te decepciona nunca. É aquela que te faz desabar pra te deixar mais forte. Que você duvida que pode existir por terem tanto em comum, mas serem tão diferentes que parece estranho se dar bem. É aquela que surge no bar quando se acha que está muito tarde pra isso, mas vê que nunca é tarde demais. É aquela que você sabe que existe, mas se mostra mais nos momentos mais avulsos. É aquela que diz o que pensa e você diz o que pensa, sem medo de machucar, porque se sabe que só o que se quer é que estejam melhores, mais fortes. É aquela em que realmente existe amor.

São laços de amizade e confiança como esses que tornam o que passou inesquecível. E não há muito o que dizer sobre a intensidade dessas coisas. Mas fica o aviso de que vou levar vocês comigo e que no peito grita uma imensa saudade que eu quero assassinar muitas e muitas vezes.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O anjo mais velho

"Metade de mim
Agora é assim
De um lado a poesia, o verbo, a saudade
Do outro a luta, a força e a coragem pra chegar no fim
E o fim é belo incerto... depende de como você vê
O novo, o credo, a fé que você deposita em você e só"

O Teatro Mágico

[Des]medida

Aquela imagem ficou fixada em meus olhos por horas. Todo o resto que se passava no mundo eu olhava, mas não via, via apenas aquela cena. O espanto ficou estampado na cara e a dor me veio como um soco na cara. A lágrima ardida que não deixei cair, o choro apertado que não deixei sair, sufocado na garganta. Ficou ali por muito tempo. Desceu com muito custo, misturado com lágrimas contidas e alguns goles de rum. Passou. Por um momento muito curto, curto demais. Aos poucos o rum foi acabando, meu sangue concentrando e o peso daquela imagem recaindo lentamente sobre meus ombros. E foi pesando, pesando, me empurrando pro chão. A sensação é de que eu fiquei ali esmagada por horas, dias, meses. Os meses que se passaram, os dias, as horas, minutos, segundos. Tudo me doendo por dentro enquanto eu andava por algum lugar que já não fazia mais sentido. Lá estavam eles, naquela esquina, naquela praça, naquela outra rua, atrás de mim, na minha frente, ao meu lado. Lá estavam eles dentro da minha cabeça que já começava a explodir. Lá estava o pedaço do meu passado que até hoje não virou passado de fato. Ali estava este pedaço, dentro de mim, tentando me rasgar. Ah, mas eu só queria gritar, precisava gritar, precisava de um porre. Mas o grito não veio, o álcool não veio. Só a imensa vontade de fugir e me esconder. Mas... pra onde mesmo? Aí veio um momento de fogo e paz, mas tão fugaz... Fui embora me doer sozinha.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Pintada com faixas

"Mas na estrada pintada com faixas ela havia se encontrado. Quando o sol raiava às suas costas naquela rodovia sem fim, quando a paisagem das grandes cidades dava vez aos longos campos verdes, às montanhas, ao som de ondas em um litoral infinito, eram nesses momentos que ela recarregava as baterias. Nesses momentos ela se sentia diferente. Sentia como se tudo aquilo pertencesse à ela. Um presente deixado ali para que encontrasse. Só para ela. Quantas pessoas tinham essa oportunidade? Quantas passavam por essa ou aquela rodovia em um único dia? Centenas. Quantas tinham a mesma iniciativa dela, de sair da moto, se sentar na beirada da estrada e observar as montanhas ao fundo dos enormes campos. Deixar os dedos afagarem a relva molhada, escutar o barulho de uma cachoeira, sentir o cheiro do mar. Depois voltar para cima da moto e mais uma vez partir."

Edgard♠♦O Pierrot♥♣ Antonello

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Voz, abrigo.

"All night long, I laid on my pillow
These things are wrong
I can't sleep here"


O dia fora uma merda. As coisas não deram certo e coisas certas foram perdidas. Os olhos ardiam imensamente com a vontade de chorar. O peso dos dias foram se debruçando lentamente até que naquele dia se tornaram excessivas demais. O caos mergulhado no silêncio caía-lhe como pesadas dobras do tempo.

Sabia que precisava de ouvir... qualquer pessoa. Tomar a dose de alguém. Ligou pra ele, desistiu. Ligou pra ela e ouviu a voz que precisava, em poucas palavras, como de costume, mas que a fez sorrir. Ela sabia que havia algo errado, mas respeitou o tempo-de-não-contar. Mas a saudade dela e vontade do abraço tornou-a muda e acabou desligando após uma breve despedida. Acalmou o coração e aquela pessoa surgiu no coração. Finalmente, ligou pra ele - aquele que apesar de tudo parecia que sempre esteve ali - e aquela voz sempre bem humorada a fez sorrir de verdade. Ouviu muitas palavras, falou poucas e no pouco que disse a resposta que teve à pergunta nenhuma foi "vou praí te ver." E daí acabou-se, a saudade precisava ser assassinada e ninguém a fazia esquecer dos problemas como ele. Mas só de ouvir aquela voz o jeito de dizer que "tudo vai dar certo, relaxa" já fez o dia melhor.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Moondance


Melhor que dizer-se livre e saber-se livre é sentir-se livre.
E acredite, a diferença é enorme.