segunda-feira, 16 de maio de 2011

Never back down.

"Alzira bebendo vodka defronte da Torre Malakof
Descobre que o chão do Recife afunda um milímetro a cada gole"

Parecia estar no olho do furacão. Noites mal dormidas, cabeça pesada, um turbilhão de pensamentos. Há quanto tempo não voltava para a casa? Não fazia a menor ideia. Perdeu-se. Em si e no mundo. Saiu de caminhada pensando nele e não voltara desde então. Garrafas vazias e cinzeiros cheios, anestesiava-se. Outra cidade, outras ruas, outros becos, outras camas que não a sua. A mesma mochila, o mesmo ar de cansaço, o mesmo gosto amargo na boca de mágoas e rancores que tentava, todos os dias, disfarçar com vodka e o mesmo ar denso nos pulmões.  As ruas lhe parecia mais estreitas que nunca, como se tentassem comprimi-la.
O sol ia se pondo. Ela estava sentada no meio fio de uma rua de pedras, tinha um garrafa nas mãos que lhe caiam pesadas entre as pernas, apoiando a garrafa no chão. Em cima daquela ladeira alta em que estava, ela observava o sol, avermelhado, que lentamente se punha no horizonte. Ficou pensando no que sobrara de sua vida, nos retalhos, nos cacos, "too small to matter, but big enough to cut her in to so many little pieces, if she tries to touch them" - e ela lembrou daquela música que tanto ouvia há tantos anos atrás, quando ele fora embora. Seu olhar perdia-se no horizonte enquanto ela pensava no que havia para trás.
Resolveu: tinha que ir alem. Tinha que alcançar aquele horizonte e de lá ter um novo horizonte como objetivo. Ela tinha que levantar e seguir em frente. E foi o que fez. Levantou-se, puxando a garrafa consigo e pendurando a mochila surrada nas costas. Ela não sabia o que encontraria, mas não importava. Não, não importa - pensava enquanto caminhava lentamente rumo ao horizonte tão longe. Também não importava a velocidade com que andava, contanto que nunca, nunca parasse.

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