terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Há quanto tempo... (?)

Pra falar verdade, não muito. Mas a gente finge que foi há muito tempo que não se sentia isso. A gente finge que nem lembra qual foi a última vez que isso se fez presente.
 O estômago retorce, os pulmões se comprimem. Eu não consigo pensar em outra coisa. Na verdade consigo - e penso. Penso em um monte de outras coisas, todas elas que me deixam mais e mais desesperada por paz, ar, sossego ou quem sabe uma boa noite de sono.
Podia muito bem ser um soco no estômago, mas não é. É alguém enfiando o dedo na minha ferida. Quem? Eu. Por que? Não há um por quê. Eu simplesmente ando pensando demais nas coisas. E aí vem aquela assombrosa revelação para mim mesma: a ferida continua aberta. Menor, menos exposta, cicatrizando (?), mas ainda ali, ainda aberta. Aí eu penso: só se pode cuidar de uma ferida se ela ainda está aberta, certo? E continuo pensando, surpresa por estar sentindo essas coisas. Surpresa simplesmente por estar sen-tin-do.
Fui naquele lugar, cheio de pessoas que não conheço. Fui, resolvi o que tinha que fazer, mas no caminho de volta parei. Parei, olhei para os lados, o coração batendo forte. Percebi que estava correndo. Percebi que estava fugindo. Respirei fundo, voltei. Me sentei num bar, pedi uma cerveja e um cigarro. Fiquei ali por um tempo, sentada, pensando nas coisas. Pensando nos "por quê's". Pensando nas rotas, nos rumos. Nas possibilidades. Pensando no que passou (e foi na parte em que eu mais me demorei). Pensando no que estava acontecendo. Daí já eram mais duas cervejas e mais algumas pontas. Pensando no quanto eu queria me livrar do que passou, e no quão ruim isso era. Pensei mais uma vez em ir embora e mais uma vez resolvi que não iria. Pensei nas outras coisas que me angustiavam, que levaram até ali: um "adeus" há anos atrás, que disseram, viraria um "até logo"; um resultado ansiosamente esperado; um caminho que eu teria que deixar; um fogo apagado que se reacendeu.
Um pensamento levava à outro num fluxo inconstante. Ainda eram pensamentos inacabados. Não chegara a hora de me sentar no meio deles e avaliar, entender e concluir cada um. Talvez por que eu não quisesse ainda.
Era como se eu estivesse andando em um corredor cheio de fotos, portas aberta com lembranças, portas trancadas (as chaves retiniam no meu bolso). Mas não havia luz alguma no fim desse túnel. Era escuro, quente e abafado.
Quando dei por mim, escurecia. Pra quem disse que já estava voltando... Sorri. Um sorriso que não se estendia aos olhos, muito menos ao coração.

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