sexta-feira, 4 de março de 2011

Indo embora.

"E não é a dor que me entristece
É não ter uma saída nem medida na paixão..."





Eles se abraçaram. Um abraço forte, apaixonado, cheio de cheiros, sabores e dores. Um pequenina lágrima escorreu do olho dela enquanto mergulhava nos braços dele. Enxugou-a antes que ele percebesse e se soltou do abraço. Sorriu um sorriso triste aos olhar nos olhos dele e desviou o olhar para o chão. Ele, que acabara de perceber que havia algo errado, levantou com delicadeza o queixo dela.
No momento em que seus olhos se encontraram, ele sentiu um tiro atingir seu coração. A dor foi tão aguda que perdeu o compasso da respiração. Ela viu a dor nos olhos dele e sentiu mais um rasgo em seu coração. Mas ela tinha que ser forte. Afastou-se e suspirou, disse um “a gente se vê” sem a menor convicção, pois ambos sabiam que era mentira, e foi embora.

Ela estava indo embora. Porque por mais que doesse, por maior que fosse o rasgo em seu coração ela queria sentir-se inteira novamente, por mais que naquele momento ela soubesse que jamais poderia sentir-se inteira sem tê-lo. Mas ela queria tanto se refazer! Queria seguir enfrente. Queria poder olhar para trás e sorrir com as lembranças. Todos aqueles encontros e telefonemas, por mais que esperasse todos eles ansiosamente, a faziam mal, a machucavam e ela estava ciente disso. Ele tinha mudado, já não era mais a pessoa com quem dividira-se por tanto tempo, ele estava seguindo outro caminho, uma caminho diferente daquele que seguiam juntos, enquanto ela continuava no mesmo caminho. E era esse o problema. Percebera que continuava a viver um “nós” que não existia mais. Ela precisava seguir o seu caminho agora, seguir seus sonhos, encontrar qualquer forma de felicidade que não dependesse de outra pessoa, que não dependesse dele. Afinal, ela tentara. Fez o que podia para tê-lo de volta, mas há certas coisa que se pode passar por cima e tanto ela quanto ele sabiam disso. Ela sentia um peso enorme em suas costas ao tomar tal decisão, mas simplesmente não aguentava mais viver aquela meia vida que girava em torno dele. Agora, ela queria chorar, queria correr de volta e abraçá-lo, dizer que o amava, que o amaria para sempre. Queria sentar debaixo de uma árvore e desistir de lutar com o mundo para achar seu lugar. Queria que ele a aconchegasse em um abraço apertado, seu abraço confessionário, abraço abrigo, e chorar até que parasse de doer. Queria muitas coisas que sabia que não podia. Não podia, porque sacrifícios são necessários para se vencer a guerra e ela iria atrás de seus sonhos. Agora ela caminhava de coração latejante e um enorme nó na garganta, mas seguia o seu caminho. Por mais que doesse, ela estava indo embora.

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