sábado, 29 de janeiro de 2011

Noisy thoughts

Estava bêbada. Naquele dia, tinha bebido porque não queria pensar demais em certas coisas. Se possível não queria nem pensar. A cabeça estava um caos. Um amontoado de pensamentos sem conclusão, fragmentos, cacos, afiados.
Ria com alguém mas nem sabia o porquê. Só ria. Mantinha uma distância desse amontoado. Como se tivesse jogado um manto denso e negro sobre eles. Eles pesavam em sua cabeça, cada pedaço do seu corpo tinha plena consciência de que eles estavam ali e uma hora iriam explodir. Uma hora teria que sentar no meio de toda aquela bagunça e rever um por um, como se olha fotografias antigas. O copo cheio sempre em mãos. Pedira para ele "Por favor, não deixe meu copo vazio hoje, pelos Céus, não deixe!" Qualquer coisa servia aquela noite, só precisava de álcool e barulho nos ouvidos. E foi passando a noite assim, na superfície. Tropeçando e tentando se equilibrar sobre a linha tênue que a separava de todos aqueles pensamentos. Quase não ficara com ele, como se o contato com a pele dele fosse trazer a tona o que estava tentando fingir que não existia. Thoughts.

Já era quase manhã, a maioria das pessoas dormia, ou se enfiara em algum lugar com outro alguém. O álcool estava acabando. Droga. O peito apertava, respirava rápido, como se estivesse cansada. Correu para a sacada. Precisava de ar.
Ele foi atrás dela. Você tá legal?
Ela sorriu um sorriso que não estendia aos olhos. Tô.
Não, você não tá legal. Pára de fingir, você fez isso a noite toda.
Ela só olhava para o céu, estava ficando claro. E ouviu a música que começava a tocar.
(...)

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