domingo, 21 de agosto de 2011

Dia dos pais.

- Você sente falta dele? - perguntou Isabel.
- Não. - respondeu Lorena, fazendo certo ar de desprezo.
- E você, Laura?
- Não. - respondi sem pensar. Mas ao perceber a rapidez de tal resposta, parei para pensar realmente qual era a resposta. Fechei os olhos e procurei vestígios da falta, da ausência que ele fazia. Procurei pensar em como sua ausência atrapalhava de alguma forma a minha vida. Não encontrei nada. As lembranças existiam, mas eram como fotografias apenas, guardadas à muito numa caixa. Aquele tipo de lembrança que fica esquecida em algum lugar do armário, da mente. Não, ele não fazia falta. E o quão triste era isso? Olhou para Lorena, que se encontrava completamente entretida em trocar mensagens pelo celular com uma de suas amigas. Está crescendo, pensei. Insistia em dizer que não era criança mais. Ela não faz nem ideia do quanto isso custa, pensei com um pouco de pesar. Ela nem deve se lembrar tanto da época que ele vivia conosco. Pensei na falta de uma referencia masculina para ela e em que isso poderia ser importante no seu crescimento. Pelo menos ela já sabe que nada dura para sempre, pensei rindo comigo mesma. Depois olhei para Isabel, o melhor exemplo que qualquer um poderia ter para se tornar alguém. Não, nada faltaria, para minha irmã ou para mim.

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