quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Fuel

Eis que aqueles enormes e pesados cachos flamejantes invadiram seu sono novamente.

Ela fumava, como sempre. Eu olhava fixamente para a sua boca. Seus volumosos lábios deliciosamente pintados de vermelho. A cor do desejo, pensei com um meio sorriso no rosto. E como era grande o meu desejo por aqueles lábios vermelhos que manchavam com displicência o cigarro branco.
Ela colocou o cigarro entre os dedos e deu uma tragada longa, como se suspirasse, enquanto olhava fixamente para mim com os olhos de gata. Um gato arisco. Acompanhei o movimento da mão enquanto ela baixava o cigarro. A pele levemente amorenada e as unhas cuidadosamente pintadas de vermelho escuro. Segui as curvas de seu corpo até o encontro de olhares. Ela sorria e nesse sorriso eu me afundava. Queria sentir seu gosto novamente, provar mais uma vez a textura dos lábios veludosos. Queria tirar-lhe todo o batom com a minha boca. Despir todo aquele vermelho e sentir o mundo desabar sobre nossas cabeças.
Ela se fazia distante, indiferente, mas no fundo ela sabia que me queria tanto quanto eu a queria. E no final da noite, o calor dos corpos embalados por um solo de guitarra transformavam todo o resto em resto.

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