domingo, 28 de fevereiro de 2010

"Que se há de fazer...

...com a verdade de que todo mundo é um pouco triste e um pouco só?"

Acordou às três da manha com o peito ardendo em dor e os olhos perdidos em lágrimas.
O livro aberto sobre a cama, a janela aberta e o lençol no chão. Estava frio.
O frio invadia seus pulmões. 
A pele arrepiada. De frio, não desejo.
Arfava. A conhecida sensação de vazio sufocava-a.
Os sonhos tão cheios dele impunham o vazio sobre ela.

O problema dos sonhos é que eram reais demais. Não tinha nada de absurdo. Eram um monte de cenas do que ja tinha vivido.
Abraços imensos. Se perdia naqueles braços quentes.
Beijos intermináveis. Perdia qualquer noção de tempo e espaço enquanto se entregava.
O cheiro. Sentia o cheiro dele e a sensação do que ele trazia.
As lembranças, tão cruéis, passando inteiras pela sua mente. Todos os detalhes, agora tão dolorosos.

Levantou-se, recolheu o livro, colocou em cima do criado, junto a luminária acesa.
Sentou-se na cama, apagou a luminária e puxou o lençol para si, encolhendo-se.
Permaneceu assim, imóvel por um bom tempo. De pálpebras cerradas e coração latejante. Como um animal assustado, acuado no próprio medo.
Aos poucos foi se rendendo ao cansaço e à tensão. Só tinha mais 2 horas pela frente até o horário de levantar e enfrentar o mundo novamente, com o sorriso de sempre.



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