Mas o tempo não passa tão rápido quanto precisava.
E cada tiquetaquear do relógio a apunhalava.
'O pulsar do sangue sob um hematoma.'
Tão frágeis aparentavam, aqueles hipnotizantes ponteiros prateados do relógio.
A cada segundo o ponteiro mais fino recaia sobre ela com uma força sobrenatural.
Devastadoras, as horas.
Você sente isso?
Você sente como se estivesse submergido e preso ao fundo de aguas profundas e escuras demais.
E na janela?
Bom, não se via mais borboletas. Nem negras, nem alvas.
E as cortinas, há muito trocadas, não exibiam a leveza do fino tecido, tampouco o brilho avassalador do veludo.
Estavam desesperadoramente opacas.
Eram só negras. Negras e densas.
Pesadas demais.
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