quarta-feira, 3 de março de 2010

Mas uma hora a gente aprende.

O tempo não cura tudo. Só tira o incurável do centro das atenções.
Mas o tempo não passa tão rápido quanto precisava.

E cada tiquetaquear do relógio a apunhalava.
'O pulsar do sangue sob um hematoma.'

Tão frágeis aparentavam, aqueles hipnotizantes ponteiros prateados do relógio.
A cada segundo o ponteiro mais fino recaia sobre ela com uma força sobrenatural.
Devastadoras, as horas.

Você sente isso?
Você sente como se estivesse submergido e preso ao fundo de aguas profundas e escuras demais.

E na janela?
Bom, não se via mais borboletas. Nem negras, nem alvas.
E as cortinas, há muito trocadas, não exibiam a leveza do fino tecido, tampouco o brilho avassalador do veludo.
Estavam desesperadoramente opacas.
Eram só negras. Negras e densas.

Pesadas demais.  

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