"...Devo registrar aqui uma alegria. É que a moça num aflitivo domingo teve uma inesperada felicidade que era inexplicável: no cais do porto viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro: queria ver espocarem fogos de artifício."
(Clarice Lispector)
Hoje apontaram o céu para ela...
E ao olhar para cima deparou-se com um arco-íris. Uma felicidade inesperada.
Ficou ali, olhando para a beleza resplandecente, até que um alerta apontou no coração.
Foi uma pontada aguda, desesperada... O que ocorreu foi que percebeu que ele se ia. As cores, antes tão nítidas e belas estavam desvanecendo. E foram desvanecendo até até sumirem.
Com um aperto no peito, olhou aquela felicidade sendo engolida pela opacidade de um céu cinza até o ultimo suspiro, ou até o ultimo resquício de cor.
É que viu ali o lhe acontecia todas as noites, quando o sol ia se pondo e a correria do dia se acabava.
Viu ali exatamente a sensação que tinha interpretada em fatos.
Porque toda a força que conseguia juntar para enfrentar o dia e todo pequeno momento de risos e distrações que conseguia, por menores que fossem, iam embora no fim do dia. Todos essas pequenas boas sensações, as quais se agarrava com tanta avidez, esvaiam-se de si. Até que no escuro da noite, sozinha em seu quarto, não lhe restava mais tais coisas. Não lhe restavam mais cores, só um céu opaco e cinzento que a pressionava contra o chão frio.
Pesado demais.
Pesado demais.
ResponderExcluirA escuridão do quarto,que vem nos contar histórias que ao longo do dia tinhamos conseguido deixar de lado...
Pesado demais.
Estou aqui.
Mesmo,pra qualquer coisa!
Beijo!