terça-feira, 9 de março de 2010

A morte do arco-íris.

"...Devo registrar aqui uma alegria. É que a moça num aflitivo domingo teve uma inesperada felicidade que era inexplicável: no cais do porto viu um arco-íris. Experimentando o leve êxtase, ambicionou logo outro: queria ver espocarem fogos de artifício."
(Clarice Lispector)

Hoje apontaram o céu para ela...
E ao olhar para cima deparou-se com um arco-íris. Uma felicidade inesperada.
Ficou ali, olhando para a beleza resplandecente, até que um alerta apontou no coração.
Foi uma pontada aguda, desesperada... O que ocorreu foi que percebeu que ele se ia. As cores, antes tão nítidas e belas estavam desvanecendo. E foram desvanecendo até até sumirem.
Com um aperto no peito, olhou aquela felicidade sendo engolida pela opacidade de um céu cinza até o ultimo suspiro, ou até o ultimo resquício de cor.

É que viu ali o lhe acontecia todas as noites, quando o sol ia se pondo e a correria do dia se acabava. 
Viu ali exatamente a sensação que tinha interpretada em fatos.
Porque toda a força que conseguia juntar para enfrentar o dia e todo pequeno momento de risos e distrações que conseguia, por menores que fossem, iam embora no fim do dia. Todos essas pequenas boas sensações, as quais se agarrava com tanta avidez, esvaiam-se de si. Até que no escuro da noite, sozinha em seu quarto, não lhe restava mais tais coisas. Não lhe restavam mais cores, só um céu opaco e cinzento que a pressionava contra o chão frio. 


Pesado demais.

Um comentário:

  1. Pesado demais.

    A escuridão do quarto,que vem nos contar histórias que ao longo do dia tinhamos conseguido deixar de lado...

    Pesado demais.

    Estou aqui.
    Mesmo,pra qualquer coisa!

    Beijo!

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