sábado, 28 de agosto de 2010

Paixão.

Ele parecia viver num mundo paralelo, só dele.
Atrás de todo o metal, perdia-se enquanto batia suas baquetas.
Os olhos doces atrás de todo o movimento agressivo formavam um paradoxo absolutamente irresistível a ela. Tinha um sorriso abismoso nas redondezas, mas foi ignorado por causa da força de atração daquele olhar tão doce.
Ela não desviou o olhar um momento sequer, mas ele não a viu.
Quando viu desajeitou-se, perdeu o fio da meada ao trocar de baquetas. O erro foi sutil, ninguém viu. Mas ele sabia e ela também.
Não sabia o por quê de toda aquela força de atração, mas ao vê-lo ali, num sorriso de verdade, com aqueles olhos distantes e incrivelmente doces, ela percebeu que tinha amor pra dar. A vontade de abraça-lo era imensa.
Ao deixar as baquetas de lado, sorriu pra ela. Era um convite.
Ela riu e ele desviou os olhos para alguém que o chamava.
Ao virar, ele viu o vento soprando no lenço que ela tinha no cabelo.
Estava indo embora.

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