domingo, 20 de junho de 2010

O ar foi ficando denso, tão denso...

...que em poucos momentos a neblina era densa o bastante para tornar tudo absurdamente sufocante.
O ar pesado acabou por encharcar as velas, que pendiam murchas no mastro, sem nada que as inflasse.

Mas dessa vez não havia beleza velada.
Não havia nada, alem daquela sufocante cortina envolvente.
Não se sabia se estava claro ou escuro.

A tripulação era constituída de um homem só, que agora lutava contra o ar pesado. Os pulmões lhe doíam, no anseio insano de aspirar ar.
A sensação era de que eles se enchiam de água.
Um água escura e viscosa.

Não havia calmaria.
O mar, aos poucos, exausto da quietude, agitou-se.
E o barquinho era judiado.
O mar o jogava de lá pra cá, esforçando-se para derruba-lo.
Mas não havia vento.
A revolta vinha do âmago do mar, agora arredio.
Era como se fervesse, e de repente entrasse em ebulição.

Barco e tripulação, dessa vez, morreriam juntos.
Sufocados, afogados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário