quinta-feira, 3 de junho de 2010

Dói mais quando não tem "Adeus".

Não, eu não quero que depois de todo esse tempo, você me ligue com a voz cansada "só pra dizer que me ama".
Não venha com essa agora, logo agora que o tempo está tornando opacas minhas lembranças de você, de nós.
E não diga que "a distância vai só aumentando", como quem acusa. Me acusa. Afinal, não fui eu quem quis ir embora e fui. Não fui eu quem deixei sementes para trás e nem me importei em como cresceriam. Cresceriam muito bem, como cresceram. Afinal, mãe Gaia não precisa de ninguém para transformar suas sementes em primaveras eternas.

Eu não quero os restos. Não quero pedaços. E há muito deixei de me preocupar com as migalhas que você foi deixando cair por aí. 

Eu não. Eu queria sentir a sensação que tinha antes, quando pequenininha você segurava minha mão e saía por aí comigo.
Eu queria mesmo era que você pegasse a minha mão, como fazia antes, e dissesse, exatamente do mesmo jeito que dizia, "Papai te ama muito, filhote".

Mas não há mais minhas mãos pequenas sumindo nas sua mãos de gigante. Não há mais o contador de histórias e a ouvinte sempre atenta e faminta por mais. Não há mais o explorador e sua seguidora. Não há mais o astrônomo e sua aprendiz.
Não, não há.
Não há mais nada.
Nada. Isso te assusta? Acho que não. Por que haveria se te assustar? Fazem quantos anos mesmo?

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