segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Abraço, abrigo.

Sabe qual é teu problema? Você se preocupa demais, as vezes. 
Vai, voa. 
Só você pode se conceder a liberdade que tanto quer.
Para de pensar que suas asas vão derreter se chegar muito perto do Sol. 
Experimenta não se preocupar em cair. 
Se a queda vier, aprenda, cresça, levante mais forte.

E lá estava ela, linda como sempre, em cima de uma salto vermelho sangue, fumando seu cigarro. A face de quem está perdida porque quer, o sorriso de quem sempre está aprontando alguma e os olhos desesperadoramente tristes.
Fiquei observando-a de longe por um tempo e fui de encontro aos tristes olhos. Ela apagou o cigarro ao me ver e me abraçou. Aquele cheiro... aquele abrigo...
Vai acabar ficando surda, com toda essa barulheira nessa altura, disse tirando os fones dos meus ouvidos. Dei de ombros.
Qual o problema? perguntou.
Não há nenhum, respondi. Foi inútil, ela me conhece melhor que qualquer um para saber que os cabelos presos, boca descolorida e Pantera tocando no talo nos fones significam muito mais que problema nenhum.
Nada que não vá passar se você esquecer esse assunto e me levar daqui, disse respirando fundo. Ela riu com os lábios vermelhos e entrou no carro. Mas eu estava sufocada e me demorei mais no ar frio da noite mal iluminada.
Pra onde? ela perguntou, mas já tinha o objetivo em mente. Sorri e fechei os olhos, encostando a cabeça no banco do carro. O cansaço me alcançava então.

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