Todos foram embora. Ficamos nós, as garrafas vazias e o silêncio. Ela fumava seu cigarro desesperadamente. Acendia um no outro, hora tão estatica que nem piscava, fixada em algum ponto do seu infinito particular com aqueles grandes olhos negros, para logo depois ficar tão hiperbolicamente inquieta que me irritava. Andava de um lado para outro da casa, olhando para todos os lados, com um traço de desespero nos olhos. Encostei-a na parede, tirei seu cigarro da mão e disse que estava bebada, que era melhor tomar um banho e ir dormir. Ela riu e disse com as exatas palavras de Caio F.: "me passa o cigarro, não, não estou desesperada, não mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída." E me beijou com força. Saiu, ligou o som e foi para o banho enquanto o som de guitarras rasgava a madrugada.
Estava deitado quando ela voltou e se aconchegou no meu abraço. Dormiu por meia-hora, no maximo. Hora tremia de frio e se enrolava no cobertor, hora chutava-o para o chão, toda molhada de suor. Levantava e ia para a varanda fumar e bebia o café forte e amargo. Mas por dentro, ela sentia, nada esquentava.
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